Secretário de Articulação Social defende diálogo mais eficaz com os jovens

03/06/2004 - 17h29

Brasília, 3/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil tem cerca de 1,2 milhão de jovens de 15 a 24 anos analfabetos. Nessa mesma faixa etária, 17% estão sem emprego. Dentre os dois milhões de crianças que nasceram no ano de 2001, pelo menos 695 mil eram filhos de mães com idades entre 15 e 19 anos.

Esse são alguns números que traçam o perfil da juventude brasileira e que servirão como base para as ações do Grupo Interministerial da Juventude na elaboração de leis e diretrizes para juventude brasileira. O grupo trabalha ao lado de parlamentares da Comissão Especial de Políticas Públicas para Juventude e de representantes do Projeto Juventude, implantado pelo Instituto Cidadania.

"Esses dados devem servir como base para articulação dos integrantes do governo e mesmo fora do governo para coordenar as ações e políticas para os jovens", informou o secretário de Articulação Social da Secretaria Geral da Presidência da República, Beto Cury, durante as discussões do "Diálogo Nacional das Organizações Juvenis", realizado hoje na Câmara dos Deputados.

Segundo Cury, o governo federal precisa construir um mecanismo mais eficaz de diálogo com o público juvenil, e uma das saídas seria a criação do Conselho Nacional da Juventude. O conselho trataria de temas de interesse da juventude e ainda ajudaria na articulação dos vários programas de governo direcionados aos jovens, como o Programa Primeiro Emprego, por exemplo.

"Seria um mecanismo que coordenasse esse debate com o governo e a sociedade, tratando de temas como a evasão escolar, qualificação profissional e preparação para o mundo do trabalho", explicou.

Para o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Orlando Silva, o maior desafio será retirar do jovem a fama de problemático. De acordo com o secretário, o poder público já avançou bastante ao reconhecer a necessidade de criar um grupo específico de discussão para resolver as questões dos jovens. Observou no entanto que é necessário evoluir nessa discussão diagnosticando os problemas e formulando uma agenda de ações que possa ser cumprida.

"Temos que desenvolver uma agenda que hoje é subdesenvolvida porque o assunto é recente. Não queremos construir um modelo para juventude, mas sim com a juventude", ressaltou Orlando Silva.

Um dos consensos é a construção de um plano político voltado para a juventude em conformidade com o projeto nacional de desenvolvimento, seja no setor econômico ou no social. O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta, acredita que sem uma ligação direta com as políticas econômicas e sociais os programas voltados para os jovens podem ficar na promessa.

"Se essas políticas públicas para juventude forem pensadas nos marcos da atual política econômica, elas vão ser limitadas. No mínimo podem ser compensatórias e conseguir ter alguns programas emergenciais, paleativos, mas não vai resolver o problema da juventude", defendeu ele.