Lula cria duas florestas nacionais e duas reservas extrativistas

03/06/2004 - 17h54

Brasília, 3/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou hoje decretos criando as florestas nacionais do Cabedelo (PB) e de Piraí do Sul (PR), e as reservas extrativistas do Capanã Grande (AM) e de Cururupu (MA). Essas unidades de conservação somam cerca de 500 mil hectares (área pouco menor que a do Distrito Federal) e vão auxiliar na proteção da Mata Atlântica e da Amazônia.

A professora de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), Jeanini Felfili, diz que as florestas nacionais são áreas de extrema importância para a proteção da biodiversidade, dos ecossistemas e da água. Também são vitais para o fortalecimento das comunidades locais, com o desenvolvimento de atividades florestais e geração de empregos. Elas propiciam, ainda, aumento de receitas públicas e disponibilidade de acesso ao crédito rural para assentamentos rurais no seu entorno. Segundo a professora, as florestas aliam conservação e oferta de emprego, trabalho e matéria-prima para as populações da região.

A floresta nacional de Piraí do Sul, por exemplo, vai garantir a conservação dos recursos naturais da região com o uso sustentável, e o desenvolvimento do conhecimento científico e do ecoturismo. A criação da Flora da Restinga do Cabedelo, na Paraíba, com 103,36 hectares, protegerá áreas de mangue e de restinga, bem como os recursos hídricos e a biodiversidade, além da pesquisa científica promovida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O chefe do Centro Nacional de Populações Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável (CNPT), Atanagildo Matos, explica que as reservas Extrativistas são espaços territoriais destinados à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis, por populações tradicionais. Segundo ele, esta demanda por criação de novas reservas extrativistas é resultado da organização das comunidades que vivem nestas regiões e querem vê-las preservadas. "A população local compartilha com o Ibama a gestão das reservas extrativistas", declarou Matos. Em tais áreas é possível materializar o desenvolvimento sustentável, equilibrando interesses ecológicos de conservação ambiental, com interesses sociais de melhoria de vida das populações que ali habitam.

A reserva extrativista do Cururupu, no Maranhão, vai proteger mangues e extensas áreas alagadas em 185 mil hectares. As atividades econômicas desenvolvidas na região são baseadas na pesca e no artesanato, mas suas extensas praias de areias brancas e águas calmas tornam a área muito atrativa para o ecoturismo.

Capanã Grande possui 304,15 mil hectares e está no município de Manicoré, no Amazonas. Na região, cerca de 900 pessoas distribuídas em várias comunidades vivem de recursos da floresta, que abriga castanheiras, seringueiras, cupuzeiros e palmeiras de grande importância alimentar como açaí, bacaba, pupunha e tucumã. O Brasil possui hoje pouco mais de 7% de sua área protegida em 249 unidades de conservação, de proteção integral e de uso sustentável, somando mais de 62 milhões de hectares.