Exército brasileiro integra força de paz da ONU no Timor Leste

03/06/2004 - 12h33

Brasília, 3/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os 75 militares do Exército que embarcaram hoje, em Brasília, para o Timor Leste vão enfrentar 38 horas de viagem até a chegada em Dili, capital do país. A missão no exterior vai render aos voluntários uma gratificação extra, que varia conforme a graduação militar. Um soldado receberá US$ 970 por mês, além do soldo pago pelo Exército. O benefício obedece à lei de remuneração dos militares no exterior e é pago pela Missão das Nações Unidas de Apoio no Timor Leste (UNMISET). A informação é do coronel Silva Alvim, comandante do Batalhão de Polícia do Exército.

O chefe do Estado-Maior da Defesa, general Rômulo Bini Pereira, representou o ministro José Viegas na cerimônia de embarque, na Base Aérea de Brasília. O militar admite que a missão de paz timorense está em fase de extinção, mas justifica o envio de novas tropas brasileiras ao país como uma solicitação do governo do Timor, autorizada pela própria ONU, em reconhecimento ao desempenho dos militares brasileiros em operações de paz. Uma característica que ele ressaltou é "a capacidade do soldado de se integrar à população local, apesar das adversidades".

Foram recrutados cabos, sargentos e oficiais do Exército que nunca participaram de outras missões de paz, como as que aconteceram em Angola, entre 1995 e 1997, na África e no Equador e Peru, entre 1995 e 1999. (Mais recentemente, o Brasil enviou 1.200 militares da Brigada de Infantaria ao Haiti). Os militares ficarão alojados em uma base usada anteriormente pelo exército australiano na cidade de Moliana, na fronteira com o Timor Oeste.

A tarefa da tropa é fazer a escolta de comboios, controle de trânsito, investigações e perícias em acidentes envolvendo militares da "Peace Keeping Force" (PKF), como é designada a Missão de Paz da ONU no Timor Leste, integrada por outros países como Portugal, Austrália e Japão. Os militares brasileiros também farão a segurança de autoridades e a revista de pessoal e de veículos que circulam nos postos de controle da fronteira.

O esforço da missão militar nesse processo de transição para a independência do Timor Leste pode ser medido por iniciativas como a reconstrução de uma escola na capital, Dili. A escola foi parcialmente destruída durante os ataques de setembro de 1999, no início do conflito, e só voltou a funcionar graças ao trabalho dos soldados brasileiros que a rebatizaram com o nome do patrono do Exército brasileiro. A Escola Duque de Caxias é hoje "uma das trincheiras do ensino de português no país", informa o Ministério da Defesa.