Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília, 27/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A qualidade do serviço de saúde prestado à mulher é hoje o principal problema do país, na avaliação da coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Maria José de Oliveira Araújo.
"Principalmente no meio urbano brasileiro, a questão do acesso aos serviços não é tão complicada, o problema é a qualidade dessa atenção. As mulheres ainda recebem uma atenção que não contempla os seus direitos humanos. É uma atenção que possui práticas inadequadas que já foram abolidas em outros países que, em lugar de melhorar a qualidade do atendimento ou de evitar a morte, contribuem para o aumento da mortalidade das mulheres e das crianças", explica a coordenadora.
A atenção à saúde da mulher é o tema do seminário, promovido pelo Ministério da Saúde, que reúne, em Brasília, autoridades e especialistas de 18 países da América Latina e Caribe. Segundo Maria José, o objetivo do evento é a troca de experiências e o fortalecimento da integração entre os países, nessa área.
"Tem alguns países, como Argentina, México, Cuba, que já avançaram mais nas política públicas e outros estão ainda com alguma dificuldade. Mas todos os países têm programa de saúde da mulher", destacou.
Nesta quinta-feira, o ministério também está lançando a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher para 2004-2007. De acordo com Maria José Araújo, uma das novidades desse projeto é a definição de ações voltadas a grupos específicos, como as mulheres negras, homossexuais e agricultoras.
"Estamos também avançando em questões que o ministério não tinha trabalhado até esse momento, como as normas técnicas para a atenção às mulheres no climatério e para as mulheres com abortamento inseguro ou provocado", acrescentou.
O Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal também foi lançado, nesta quinta-feira, antecipando o Dia Nacional pela Redução da Mortalidade Materna, comemorado amanhã (28). Maria José disse que o objetivo é unir forças dos governos federal, estadual, municipal e sociedade civil para reduzir, até 2007, em 15% o número de mortes de mães e recém-nascidos.
Por ano, morrem 2 mil mulheres e mais de 38 mil bebês, no Brasil. A coordenadora de Políticas de Saúde para a Mulher, Maria José Araújo, disse que o governo federal vai investir cerca de R$ 30 milhões para atingir essa meta. Inicialmente, esse recurso será destinado para 81 municípios com os piores índices de mortalidade materna e neonatal.