Rio, 27/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A implantação do mecanismo de redução de emissões de gases do efeito estufa pelos países europeus a partir de 2005, criando um mercado para comercialização de crédito de carbono, abre também, oportunidades de negócios para as empresas de países em desenvolvimento, como o Brasil.
A avaliação foi feita pelo diretor de Meio Ambiente do Banco Mundial, Werner Kornexl, no workshop sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) promovido nesta capital para jornalistas pela empresa norueguesa DNV (Det Norske Veritas), primeira a ser credenciada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para validação de projetos de MDL.
Segundo o diretor do Banco Mundial (Bird), a estimativa é de que em 2008 já estejam sendo comercializados em créditos de carbono cerca de US$2 bilhões. Dependendo dos projetos que forem apresentados, Índia, Brasil e China poderão responder por 80% desse mercado, disse Kornexl. Hoje, a Índia lidera o ranking dos países com projetos de economia antipoluidora previstos pelo MDL, com 30% do total de projetos, seguida do Brasil, com 18%. A China não começou ainda esse processo, disse o diretor do Bird.
Kornexl revelou que o Bird dispõe hoje de US$ 500 milhões em recursos de investidores para apoiar projetos de MDL em todo o mundo, visando a redução das emissões na atmosfera. A intenção do banco, segundo revelou, é ir reduzindo gradualmente sua participação nesses investimentos, para permitir a entrada de outros agentes no mercado.
O Bird é hoje o maior comprador de créditos de carbono, obtidos a partir da diminuição das emissões. O objetivo da instituição, disse Kornexl, era estabelecer os bench market, isto é, os primeiros projetos, com a finalidade de capacitar o mercado e estimular as primeiras transações, para que ele possa realmente funcionar. O Bird não quer ser monopolizador do mercado. Ao contrário, quer que os agentes privados sejam seu principal motor, garantiu.
Isso já está ocorrendo, afirmou Kornxel. A importância do Bird está diminuindo gradativamente, mas ficará no mercado ainda por um bom tempo. Para atrair mais investidores privados para o comércio de créditos de carbono, o Banco realiza de 9 a 11 de junho, um mega evento na Alemanha, para o qual está convidado cerca de mil investidores de todo o mundo, informou.
O Bird apoiou os dois projetos pioneiros do Brasil (Vega e Nova Gerar) que serão anunciados pelo governo na próxima semana e estudam apoio a outros 10 nas áreas de aterros sanitários, em razão do seu impacto social; pequenos produtores de energia eólica; eletrificação rural; eficiência energética; co-geração; redução de emissões de gases em unidades de petróleo; e outros projetos industriais.
Os critérios do Bird para investimento nos projetos priorizam os impactos sociais, destacou Kornexl. Nos dois projetos já aprovados pelo governo brasileiro, o aporte do Bird é de US$ 15 milhões. A decisão para investimento nos projetos novos depende dos fundos que forem constituídos e do que os investidores querem aplicar no Brasil, porque não se trata de dinheiro do Bird mas de terceiros, esclareceu.