Rio, 27/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - As 500 maiores empresas do Brasil estão preocupadas em eliminar as desigualdades nas relações de trabalho. Porém, de acordo com pesquisa do Instituto Ethos divulgada na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), muitas dessas companhias impedem a diversidade racial e social, adotando uma cultura de exclusão.
Elaborada pelo IBOPE por encomenda do Instituto Ethos, a pesquisa "Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas" revela que, embora tenham feito conquistas significativas no mercado de trabalho, as mulheres respondem por 9%dos cargos executivos nas empresas. Somente 18% ocupam cargos de gerência e 28% alcançam chefias.
Para o presidente do Conselho Empresarial de Responsabilidade Social da Firjan, Luiz Chor, esses são dados preocupantes. Lembrou, porém, que o estudo do Instituto Ethos já demonstra a preocupação das empresas com a responsabilidade social, o que é um fator positivo.
Em termos raciais, a pesquisa mostra que 74% das empresas no Brasil não têm negros no seu quadro diretor. Em 58% das 500 maiores, mulheres não ocupam cargos de diretoria. Das 6.016 mulheres que ocupam cargos de gerentes, apenas 372 são negras e apenas 3 negras aparecem entre as 339 executivas das grandes organizações.
Segundo analisou o professor Hélio Santos, da Universidade de São Marcos (SP), a pesquisa demonstra que "as empresas não privilegiam os talentos femininos ou negros. Existe uma cultura de exclusão". A mulher negra é apontada ainda como a mais desfavorecida no mercado de trabalho.
Em termos de salário, o documento constata que a renda média mensal do trabalhador negro corresponde a 50% do salário do trabalhador branco, embora 40% das empresas consultadas desenvolvam políticas para elevar a participação das minorias raciais e dos portadores de deficiências no mercado de trabalho.