Trabalhador é ferido durante desocupação de terra no Distrito Federal

26/05/2004 - 19h31

Brasília, 26/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O trabalhador Carlos Santos foi gravemente ferido hoje durante a desocupação de terras federais localizadas em Brazlândia, cidade satélite do Distrito Federal. Segundo o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no DF, José Angelino Barbosa, o trabalhador estava dormindo nos escombros de um barraco, em área que já havia sido desocupada.

Barbosa explicou que os tratoristas do Serviço Integrado de Vigilância do Solo (SIV-Solo), do governo do Distrito Federal, não viram o trabalhador quando foram retirar os escombros e acabaram passando o trator em cima de suas pernas. "Foi um lamentável acidente", afirmou o superintendente.

As terras foram desocupadas por ordem judicial por estarem sob suspeita de grilagem. "É uma tentativa de grilagem de terras do Incra, mas que está sob investigação. A área vai ser totalmente desocupada", assegurou Barbosa.

O superintendente explicou que o Incra havia cedido as terras à Fundação Zoobotânica do DF que, por sua vez, passou a autorização de uso, "de forma irregular", à empresa Proflora. Essa empresa, segundo ele, utilizou a área para plantio de eucalipto. Depois, cessou suas atividades e transferiu o domínio das terras para a Terracap.

Em meio aos repasses da posse de terra, um grupo de famílias começou a ocupar a área e chegou a montar uma cooperativa rural, que está sob investigação do Incra. Os primeiros indícios, de acordo com Barbosa, levam a crer que os cooperados não são trabalhadores rurais.

Ele afirmou que os cooperados estão montando um condomínio urbano na área e que a venda de lotes já vinha ocorrendo. "Nós temos notas fiscais da venda de lotes, de até 800 metros quadrados, no valor de R$ 600".

O superintendente disse que as 50 famílias estavam ocupando irregularmente as terras há apenas um ano e que, neste período, o Incra já havia desocupado a área.

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais do DF ainda não tem um levantamento que comprove se todos os cooperados são trabalhadores rurais. "Nem o Incra tem esse levantamento", disse o presidente do Sindicato, Aécio Aires. Por isso, na sua opinião, não se pode afirmar que este ou aquele trabalhador não é da área rural.