Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Xangai (China), 26/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - No penúltimo dia da viagem à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma mobilização mundial para erradicação da fome e da pobreza. "A fome é, na verdade, a pior das armas de destruição em massa", disse Lula na abertura da Conferência do Banco Mundial sobre Combate à Pobreza. "Só conseguiremos solucionar a questão da fome quando a encararmos como um problema político e econômico, não como um problema social", enfatizou.
O presidente discursou para uma platéia lotada de autoridades e jornalistas do mundo todo. A seu lado, estavam o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, o presidente da Tanzânia, Benjamin Mkapa, e a primeira-ministra de Bangladesh, Begum Khaleda Zia.
O combate à fome e à pobreza é, hoje, um tema central para o governo brasileiro. Lula fez questão de mencionar os esforços brasileiros neste sentido, como os programas Fome Zero e Bolsa Família. No âmbito da política externa, o presidente destacou o pioneirismo do IBAS, um fundo lançado no ano passado pr Brasil, Índia e África do Sul. O IBAS foi idealizado para financiar boas práticas e projetos bem-sucedidos que possam ser ampliados e reproduzidos em outros países em desenvolvimento. Lula destacou também a declaração conjunta assinada em janeiro por ele, pelos presidentes da França e do Chile e pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que tem por objetivo mobilizar vontade política e apoio financeiro, para que até 2015 sejam alcançadas as metas de desenvolvimento do milênio
O chefe do governo brasileiro disse que a expansão do mercado mundial para os produtos dos países em desenvolvimento também é questão prioritária na agenda contra a fome e a pobreza. Segundo Lula, a vitória que o país obteve na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios americanos ao algodão abre um precedente histórico na luta contra os obstáculos ao desenvolvimento econômico e social de dois terços da humanidade. "Não é possível que as vacas, em alguns países desenvolvidos, recebam mais de US$ 2 de subsídios a cada dia, enquanto metade da população do globo tem que sobreviver com menos que isso", afirmou Lula, sob muitos aplausos. "O combate à fome e à pobreza e a promoção do desenvolvimento são o caminho sustentável e verdadeiro para a paz mundial", sintetizou.
Antes da solenidade de abertura da conferência, Lula teve audiência com o presidente do Banco Mundial. Concluídas as primeiras atividades, o presidente participou de encontro com o
primeiro-ministro da China, acompanhado dos ministros da Fazenda, da Agricultura, de Minas e Energia, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia e do Turismo. De lá, Lula e a foram participar do emcerramento do Seminário Brasil-China: uma Parceria de Sucesso. À tarde, Lula manteve reuniões, que foram fechadas para a imprensa. Amanhã (27), o presidente conclui a viagem à China tomando café da manhã com líderes empresariais. À tarde, parte para Guadalajara, no México, onde participa da III Cúpula União Européia, América Latina e Caribe. A cúpula será realizada sexta e sábado (28 e 29)