Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Xangai (China), 26/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O governo chinês está disposto a aumentar o comércio e os investimentos nos países em desenvolvimento, como forma de contribuir para a erradicação da pobreza. O anúncio de "ajuda desisteressada" foi feito hoje pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, durante a abertura da Conferência do Banco Mundial (Bird) sobre Combate à Pobreza. O evento, que termina amanhã (27), tem por objetivo a troca de experiências entre nações do eixo Sul-Sul. Serão apresentados 100 casos.
A China é um exemplo prático na luta contra a pobreza. Programas implementados na última década, especialmente no meio rural, tiraram da condição de miséria cerca de 400 milhões de chineses. "Queremos reafirmar nosso compromisso com a luta global pela redução da pobreza", disse Jiabao. "A eliminação da pobreza e a construção da prosperidade é um sonho de todos nós e um dever da comunidade internacional", afirmou o premiê chinês.
Dirigentes da Tanzânia e de Bangladesh também comparecem à conferência para divulgar a experiência de seus países. Eles ganharam espaço de destque na cerimônia de abertura do evento, ao lado do primeiro-ministro da China, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do Bird, James Wolfensohn.
"Sem aliviar a pobreza, não existe possibilidade de paz e de estabilidade no mundo. Estamos aqui para pensar o que podemos fazer para dar um novo mundo aos mais jovens", resumiu Wolfensohn. Ele enfatizou, no entanto, que trata-se de bem mais do que um simples intercâmbio de projetos. "Queremos transcender o que já fizemos no passado. Nesta conferência, temos que entender como fazer a dinamização de nossos projetos".
Wolfensohn reconheceu que inúmeras vezes o Banco Mundial define seus projetos a partir da verba disponível para investimentos, o que é um equívoco. "Não temos que definir projetos desta forma, mas sim a partir do objetivo estratégico que queremos atingir", afirmou. O presidente do Bird deixou claro que a instituição não vai fazer caridade. "Fizemos um estudo com 60 mil pobres em 60 países e percebemos que seus objetivos são os mesmos de todos nós: não querem caridade, querem uma oportunidade. É preciso pensar como as pessoas podem sair da pobreza" , concluiu.