Brasília, 25/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado, deputado José Mentor (PT-SP), conseguiu apoio de 37 senadores e 216 deputados e encaminhará, ainda hoje, à mesa do Congresso Nacional, pedido de prorrogação dos trabalhos da comissão por mais seis meses. Até o fim de junho, quando a comissão completa um ano de funcionamento, Mentor apresentará um relatório preliminar dos trabalhos, com uma análise do que foi investigado e resolvido até agora pelos parlamentares.
Entre as decisões tomadas na reunião de hoje da CPMI do Banestado, está a reconvocação dos empresários de futebol Alexandre da Silva Martins e Reinaldo Menezes da Rocha Pitta, que foram procuradores do jogador Ronaldo Fenômeno, e estiveram presos por decisão judicial, devido a envolvimento no escândalo do "Propinoduto", no Rio de Janeiro, esquema de desvio de recursos fiscais do Estado e depósito ilegal de divisas em bancos suíços. Na justificativa dos requerimentos, Mentor disse que considera "essencial para as investigações da comissão sobre os crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro" a tomada de novos depoimentos dos dois procuradores do setor esportivo.
O relator defendeu como resultado dos trabalhos da CPMI do Banestado que o Congresso Nacional vote leis relativas ao setor financeiro, inclusive um maior controle do Banco Central, para evitar fatos como os que motivaram a criação da comissão – a investigação de remessa ilegal de cerca de US$ 30 bilhões para o exterior, por meio das chamadas contas CC-5, destinadas a brasileiros que residem no exterior e empresas com sede em outros países.
Segundo Mentor, foram regras não transparentes e de conhecimento público que levaram o Banco Central a autorizar contas CC-5 para cinco bancos, com agências em áreas de fronteira, e que permitiram a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas do Brasil, que teriam sido enviadas para a agência do Banestado em Nova Iorque, recursos esses que depois foram enviados para os chamados paraísos fiscais. Com base em denúncias veiculadas pela imprensa, reveladas pela "Operação Macuco", da Polícia Federal, foi criada a CPMI do Banestado, por requerimento do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), presidente da comissão.