Pequim, 25/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Uma relação bilateral verdadeiramente sólida não pode basear-se apenas na interação entre governos, ela deve atingir as sociedades e os indivíduos, mobilizar as mentes e despertar emoções, disse hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cerca de 270 estudantes e professores da Universidade de Pequim (UP), uma das mais importantes instituições de ensino da Ásia. Em seu último dia na capital chinesa, Lula inaugurou o Núcleo de Cultura Brasileira da Universidade de Pequim e, na seqüência, falou por 40 minutos sobre Política Externa Brasileira no Século XXI e o Papel da Parceria Estratégica Sino-Brasileira". Entre os dois eventos, o presidente plantou um pinheiro chinês, símbolo de boa sorte, nos belíssimos jardins da tradicional universidade.
Em seu discurso, Lula fez um resumo dos compromissos de governo e relatou experiências como o Bolsa-Família, que vincula a transferência de renda à participação das famílias beneficiadas em programas de saúde, educação e segurança alimentar. Até 2006, o programa deverá beneficiar 11,4 milhões de famílias. "Assumi o governo brasileiro com o compromisso de dar prioridade às políticas de inclusão social", sintetizou o presidente. Lula seguiu seu pronunciamento dizendo que as mesmas preocupações refletem-se na esfera internacional, onde a prioridade é a construção de uma ordem mundial mais justa e democrática. "Queremos relações econômico-comerciais sem as distorções que prejudicam os países em desenvolvimento", afirmou.
Para Lula, a fome e a miséria – problemas que afligem grande parte da humanidade - devem entrar imediatamente na pauta internacional. "A redução da fome e da pobreza requer uma mudança de atitude por parte dos governos. A fome, até agora um problema social, deve transformar-se em problema político", enfatizou. O presidente falou de algumas iniciativas neste sentido, como o programa de ação lançado em janeiro com os presidentes da França e do Chile e com as Nações Unidas, com o objetivo de identificar e promover fontes de financiamento para a erradicação da fome e da pobreza. "Espero mobilizar os líderes mundiais para a importância da canalização de recursos financeiros adicionais para reduzir a fome e a miséria", disse com otimismo. Em setembro, na véspera da abertura da Assembléia Geral da ONU, Luiz Inácio Lula da Silva pretende abordar o tema em reunião por ele presidida, em Nova York.