Lula diz que Brasil e China são livres para pensar apenas no futuro

24/05/2004 - 12h17

Pequim, 24/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje a
empresários que participaram do Seminário Empresarial Brasil-China de Comércio e Investimento – perspectivas para o século 21, que os dois países estão dando um salto qualitativo nas suas relações, que este ano completa o trigésimo aniversário.

"A relação entre China e Brasil é uma relação que só tende a crescer no campo da política como no campo da cultura e no comercial. Brasil e China não têm contenciosos do passado. Não têm contenciosos históricos e dois gigantes como China e Brasil sem divergências históricas estarão livres para pensar apenas no futuro", declarou.

Lula destacou a intensificação das relações comerciais e políticas desde 2003. "De janeiro a março desse ano, o intercâmbio entre os dois países teve um aumento de cerca de
60% em relação ao igual período de 2003", disse, ao ressaltar o desempenho do fluxo de comércio. A corrente de comércio passou de US$ 1,5 bilhão em 2000 para US$ 6,7 bilhões em
2003. A balança é mais favorável ao Brasil, com exportações de US$ 4,5 bilhões no ano passado.

Quatorze acordos empresariais foram assinados durante o seminário, que reuniu cerca de 800 empresários brasileiros e chineses no Beijing International Hotel. No seminário foi instalado oficialmente o Conselho Empresarial Brasil-China, que vai intermediar negócios entre os dois países.

Quatro acordos envolveram a Companhia Vale do Rio Doce e siderúrgicas chinesas, sendo o mais importante o que cria, com a Shanghai Baosteel Group, uma Joint Ventures para a
construção do Pólo Siderúrgico de São Luiz (MA), com vistas a produzir 3,8 milhões de toneladas de aço. Está no acordo também a implementação de linha de transporte marítimo entre
os dois países e o desenvolvimento, na China, de projeto de produção de carvão para exportação para o Brasil.

Em outro acordo, a Vale e a Yukuang Group pretendem desenvolver projeto de produção de carvão coque para o mercado chinês, com exportação para o Brasil e para terceiros mercados. A mineradora brasileira fez ainda um acordo para produção, processamento e venda de carvão em parceria com as empresas Yongcheng Coal & Eletricity Group e a Shanghai Baosteel.

Com a China Aluminium Company (Chalco), a Vale firmou parceria para exploração de bauxita e produção de alumina. "Estamos muito entusiasmados, porque a Chalco é uma empresa forte, com mercado importantíssimo e quer desenvolver essa parceria com Brasil", disse o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agneli.

Outro acordo de peso se consolidou entre a Petrobras e a Sinopec, para exploração de petróleo em terceiros países. Os primeiros países previstos para o investimento são Equador e
Irã.

A Central Termelétrica do Sul e a China National Machinery and Equipment Import and Export Corporate (CMEC) vão construir uma usina termelétrica a carvão em Cahoeira do Sul,
no Rio Grande do Sul. A Companhia Siderugica do Pará firmou convênio com a Minmetals Trading, para aquisição de equipamentos chineses e exportação de minério para a China. A
Companhia de Comercio Exterior (Comexport) e a China Brazil Investiment, Development & Trade farão intercâmbio de coque metalúrgico, ferro gusa, algodão e açúcar.

Também foram firmados convênios para fabricação de motocicletas entre a Companhia Brasileira de Bicicletas e a Jinan Qingqi Motorcyclo.

A Telemar e a Norte Leste (OI), e a China Móbile fizeram acordo de roaming internacional, que permite que com um único número e um único aparelho, o cliente possa receber e efetuar
ligações.

Houve duas cartas de intenções quer permitirão acordos futuros. Uma delas é entre a Varig e a Air China para a operação de vôos regulares entre o Brasil e a China. A outra carta foi entre a empresa de exportação Três Marias e a Chinapack Hua Yuan Internacional Economic Cooperation para venda de café solúvel brasileiro.