Pequim, 24/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os chineses já estão na fila de espera das Parcerias Público-Privadas. A verba anunciada para investimentos no Brasil é de US$ 5 bilhões. Ferrovias e portos estão na mira do governo chinês, para facilitar o escoamento da soja e de minério de ferro. O primeiro grande passo para a concretização destes investimentos foi dado hoje, em Pequim, com a assinatura de um memorando de entendimento sobre cooperação entre o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Brasil e o Ministério do Comércio da República da China.
O protocolo firmado hoje visa intensificar as relações econômico-comerciais, levando em conta de um lado o elevado potencial da produção brasileira de álcool, soja, madeira, minério de ferro e produtos siderúrgicos; de outro, o interesse da China em contar com o fornecimento de longo prazo destes produtos e o avanço tecnológico do país asiático nas áreas de engenharia ferroviária e portuária. No documento, Brasil e China se comprometem a estabelecer mecanismo de trabalho bilateral para auxiliar e estimular a cooperação entre empresas dos dois países nas áreas de comércio, infra-estrutura de transporte e energia e investimentos mútuos.
"Há um interesse explícito dos chineses no transporte de insumos como soja e minério de ferro. Eles querem ter uma garantia de suprimento de longo prazo e querem que isto seja transportado de forma ágil e eficiente. Em função disto, estão dispostos a se responsabilizar por algumas ferrovias, portos e outros projetos", informa o ministro do Planejamento, Guido Mantega.
De acordo com o ministro, as regiões de maior interesse para os chineses são Centro-Oeste e Norte, o que significa possíveis investimentos nas Ferrovias Norte-Sul e Ferronorte, e nos portos de Itaqui e de Santos. Os asiáticos estão dispostos a fornecer vagões, trilhos, locomotivas em troca de recebíveis de soja, oferecidos pelos produtores como pagamento antecipado pelo uso das ferrovias. Há também interesse na produção de etanol no Brasil para futura exportação para a China. "As áreas de interesse são múltiplas, a PPP é apenas uma delas", disse Mantega, que acredita que a Lei das Parcerias Público-Privadas seja aprovada até o final de junho pelo Congresso Nacional.
Para agilizar os investimentos, o acordo de intenções assinado pelos dois países estabeleceu a criação de um Grupo Misto de Trabalho (GMT) no âmbito da Comissão Sino-Brasileira, coordenado pelos Ministérios de Planejamento e das Relações Exteriores brasileiros e pelo Ministério do Comércio chinês. Integrarão o grupo todos os segmentos interessados na melhoria da infra-estrutura no país – produtores, transportadores e tradings.
Segundo José Carlos Miranda, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento e integrante do GMT, a primeira reunião deve ocorrer em 30 dias e os primeiros contratos devem ser assinados até o final do ano.