Rio, 21/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RJ) vai estimular no estado a transformação das concentrações de atividades econômicas de micro e pequenas empresas em Arranjos Produtivos Locais (APLs). Os arranjos produtivos reúnem em um único local pequenas empresas legalizadas e que atuam no mesmo ramo.
O objetivo do Sebrae é atuar em conjunto com prefeituras e agentes econômicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para incentivar os arranjos produtivos, seguindo o modelo de sucesso alcançado pelos "clusters" de Milão, na Itália, cujas empresas obtiveram ganhos de competitividade na exportação de seus produtos.
De acordo com estudo elaborado em conjunto pelo Sebrae/RJ, Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e as universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Federal Fluminense (UFF), divulgado hoje, foram identificadas 61 concentrações econômicas e mapeados 17 arranjos produtivos no estado do Rio de Janeiro.
O diretor-superintendente do Sebrae/RJ, Paulo Maurício Castelo Branco, afirmou que a idéia é trazer para a formalidade as 14 mil micro e pequenas empresas (MPEs), que participam dessas concentrações de atividades econômicas, por meio do desenvolvimento dos arranjos produtivos, que são grandes geradores de trabalho e renda. Ele destacou que, a partir da transformação dos grupos de MPEs informais em APLs, os empresários terão mais chances de ter acesso às linhas de financiamento da rede bancária pública e privada.
A preocupação do Sebrae é que haja um desenvolvimento harmonioso e sustentado das regiões, que em geral apresentam uma grande empresa âncora, como ocorre no Pólo de Petróleo e Gás de Macaé, no norte fluminense, com a Petrobras, disse Castelo Branco. A meta final é aumentar a competitividade das empresas dos pólos estruturados, buscando futuros negócios no mercado internacional.
Nos 17 APLs do Rio de Janeiro identificados no estudo, os avaliadores descobriram que a remuneração média dos trabalhadores é o dobro do salário médio praticado no estado, atingindo R$ 1,6 mil. Nas concentrações econômicas, a remuneração média chega a ser quase 50% superior ao salário médio do estado, que é de R$ 830,73.
As concentrações respondem por 238 mil empregos registrados no estado do Rio de Janeiro, o equivalente a 10,82% dos 2,2 milhões de postos de trabalho fluminenses, excluindo os da administração pública. A maioria das concentrações e APLs oferece em média 16,85 postos de trabalho por empresa, contra a média estadual de 10,64 vagas por companhia.
Até agora, apenas três estados tinham realizado levantamento das concentrações econômicas: São Paulo, Minas Gerais e Maranhão. Porém, nenhum estudo até agora mostrou a profundidade e o detalhamento alcançados no Rio de Janeiro, observou o presidente do Sebrae nacional, Silvano Gianni. Segundo ele, todos os estados devem proceder a mapeamento similar, para orientar suas ações de fomento às MPEs.
O estudo será renovado anualmente para acompanhamento dos resultados e evolução das ações empreendidas.