Mylena Fiori e Fabiana Uchinaka
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - A China que o presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva visitará na viagem que começa hoje é o país que recebeu o maior volume de investimentos externos em 2003 – cerca de US$ 60 bilhões, batendo inclusive os Estados Unidos. Grande parte desses recursos foi aplicada em joint-ventures com empresas chinesas. Não é para menos: trata-se da sexta economia, posto conquistado em apenas 20 anos. Na última década, a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) tem se mantido perto dos 9% ao ano. E no ano passado, o PIB atingiu US$ 1,5 trilhão e as reservas cambiais da China, US$ 403 bilhões.
Quando o assunto é China, os números são sempre descomunais. O território de 9,6 milhões de quilômetros quadrados concentra um quinto da população do planeta, com 1,3 bilhões de habitantes, nove vezes a população brasileira. Desse total, 20 milhões são milionários e cerca de 300 milhões de pessoas são de classe média – o maior mercado consumidor do mundo. "Há uma euforia no mundo inteiro, pois é o único país que tem mantido um crescimento estável e sistemático", analisa Lytton Guimarães, coordenador no Núcleo de Estudos Asiáticas da Universidade de Brasília (Neasia/UnB).
Em 2003, o consumo de varejo teve crescimento real de 9,2%. Por segmento, os percentuais impressionam: alta de 68,5% nas vendas de veículos; de 70% em equipamentos de telecomunicações; de 18,3% em equipamentos de áudio e vídeo; e de 28,2% em mobiliário. "Houve uma mudança muito rápida no estilo de vida e a tendência é crescer a classe média", avalia o pesquisador da UnB.
Escassez
A prosperidade chinesa é responsável pelo aquecimento do mercado internacional de commodities. Isto porque, apesar de o país dispor da terceira maior reserva mineral do mundo e ser o maior produtor mundial de aço, enfrenta uma escassez enorme de matérias-primas como carvão, energia, petróleo, transporte e mesmo de aço. "A China necessita de produtos vitais para o crescimento econômico e para a alimentação de sua imensa população", sintetiza Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
Para se ter uma idéia, a China queima 8% de todo o petróleo extraído do mundo, 25% do alumínio, 30% do minério de ferro, 31% do carvão, 36% do aço, 55% da produção mundial de cimento e 27% de todos os produtos siderúrgicos. O resultado é que apenas em 2003 as importações cresceram 39, 9%, totalizando U$$ 438,4 bilhões de dólares e tornando a China o terceiro maior importador do mundo. Foram comprados de outros países 91,12 milhões de toneladas de óleo cru, 28,24 milhões de toneladas de produtos de óleo refinado, 37,17 milhões de toneladas bobinas de aço, 5,61 milhões de toneladas de óxido de alumínio e 148,13 milhões de toneladas de minério de ferro bruto e refinado.