Especial China 3 - Diferenças culturais não impedem interesse recíproco

20/05/2004 - 10h56

Mylena Fiori e Fabiana Uchinaka
Repórteres da Agência Brasil

São Paulo - A China também já detectou o Brasil como parceiro estratégico. O interesse de investimentos é recíproco, garante Edson Corrêa de Melo Jr, diretor de desenvolvimento de negócios e Assuntos Externos da ZTE do Brasil.

Há quatro anos, quando essa fabricante chinesa de estruturas e terminais de telecomunicações partiu para o mercado internacional, elegeu o Brasil como sede da empresa na América Latina. A ZTE do Brasil tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. E se prepara para inaugurar, nos próximos 40 dias, um parque industrial em Barueri (SP) capaz de suprir as necessidades de todo o continente. "O próximo passo será trazer uma sucursal do centro de pesquisas tecnológicas da ZTE", revela o executivo.

Mas as coisas não são tão fáceis quanto parece. Segundo Melo Jr, culturalmente há muita dificuldade para os chineses compreenderem a burocracia brasileira. Os direitos dos trabalhadores também assustam os asiáticos, acostumados a pagar salários da ordem de US$ 25 por mês, sem impostos, e a conceder apenas 10 dias de férias anuais aos funcionários.

Outro problema enfrentado pelos chineses, segundo o executivo da ZTE, é o preconceito. "A China é conhecida como o país das cópias, dos produtos baratos. Isto existe, mas não é só. Investimos muito em pesquisa e tecnologia. É preciso desvincular essa imagem que associa a China à pirataria", afirma.