Brasília, 20/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, isentou hoje, perante a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, o chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, de qualquer envolvimento com as irregularidades cometidas pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República Waldomiro Diniz. Waldomiro foi acusado de receber propina do jogo do bicho e de levantar recursos ilegais para campanhas eleitorais do PT no Rio de Janeiro e em Brasília. Rebelo defendeu também as conclusões da comissão de sindicância interna que apurou as denúncias e concluiu que Diniz cometeu crime de improbidade administrativa e será processado por isso.
Segundo Rebelo, nenhuma pessoa está livre de ter um amigo, parente, seja pai, esposa ou irmão, envolvido em algum problema sem que, com isso, possa ser considerado igualmente suspeito ou culpado de crimes cometidos por outrem. Ele fez essa afirmação ao contestar insinuações do deputado Wladimir Diniz (PMDB-PA) de que o ministro José Dirceu foi estreitamente ligado a Waldomiro, que moraram e trabalharam juntos e tiveram até negócios. Rebelo repeliu "a insinuação sem provas" de que o ministro e o ex-assessor eram sócios em negócios, afirmando que José Dirceu "não teve, nem tem qualquer negócio com o sr. Waldomiro Diniz".
O deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), autor do requerimento de convite ao ministro Aldo Rebelo para fazer esclarecimentos à comissão, considerou "muito limitado" o trabalho da comissão de sindicância da Presidência da República pelo fato de ela não ter ouvido o ministro José Dirceu, "superior hierárquico de Waldomiro Diniz e que o orientava no trabalho junto ao Congresso Nacional". Rebelo contestou, afirmando que a comissão "foi formada para investigar Waldomiro Diniz e não o ministro José Dirceu". O ministro lembrou que, em uma sindicância no Congresso Nacional para apurar irregularidades de um alto funcionário, nem por isso deve-se ouvir o presidente da Casa. Goldman considerou o depoimento do ministro frustrante e o classificou de "água com açúcar".
O ministro Aldo Rebelo disse que "não mandou, nem proibiu" a comissão de sindicância de fazer coisa alguma como, por exemplo, examinar o computador pessoal de Waldomiro Diniz no seu gabinete no Palácio do Planalto, lembrando que o direito ao sigilo da correspondência, garantido a qualquer brasileiro pela Constituição, foi respeitado também no caso de Waldomiro. Deputados da base do governo – a maioria contra, apenas Alberto Goldman e Wladimir Costa da oposição – se revezaram em elogios à atuação de Rebelo no episódio, tendo o deputado Lindberg Farias (PT-RJ) afirmado que o requerimento de convite ao ministro nada mais era do que uma tentativa de "requentar" um assunto antigo e há muito resolvido.