Brasília, 20/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra realizou hoje audiência pública para analisar os resultados da pesquisa "Impactos dos Assentamentos – Um Estudo Sobre o Meio Rural Brasileiro".
A pesquisa foi realizada no período de 2000 a 2001, com 1.568 famílias assentadas pelo Incra, de um universo de 15.113. Os assentamentos pesquisados estão no sertão nordestino; no sudeste do Pará; na zona canavieira nordestina da Paraíba; Pernambuco e Alagoas; no sul da Bahia; no entorno do Distrito Federal, com parte de Goiás e noroeste mineiro; e no oeste catarinense.
O amplo estudo foi custeado pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural – NEAD, e realizado por pesquisadores das universidades Federal e Federal Rural do Rio de Janeiro. A pesquisa analisou o impacto no desenvolvimento sócio-econômico e político de famílias que foram assentadas entre os anos de 1985 e 1997.
A professora Leonilde Medeiros, uma das coordenadoras da pesquisa, disse que ficou constatado várias mudanças na vida desses trabalhadores rurais após o assentamento. "Nós verificamos que existiu uma grande diversificação produtiva e uma dinamização nos mercados locais", disse. Ressaltou ainda as melhorias na vida dos assentados nas áreas da saúde, moradia e trabalho, refletindo no poder de compra. Dados da pesquisa demonstram que cerca de 90% dos assentados consideram que tiveram uma melhoria nas condições de vida. "Os assentados tiveram acesso a um conjunto de bens que eles não tinham antes", disse.
De acordo com os pesquisadores essa melhoria de vida se traduz em diversas declarações de trabalhadores que não se vêem mais como assalariados rurais, mas sim como proprietários de seu pedaço de terra.
Leonilde Medeiros explicou ainda que cerca de 87% dos responsáveis pelos lotes, seja homem ou mulher, possuem no máximo até a 4ª série do ensino fundamental. "Quando eles chegam no assentamento, a primeira coisa que muitos deles passam a almejar é o ensino para seus filhos. Depois almejam melhores condições de saúde e aumentar a participação social e política do grupo", ressaltou.
A pesquisa revelou que para se fazer a reforma agrária, o Brasil possui mais de 28 milhões de hectares de terras improdutivas e cerca de 172 milhões de áreas devolutas.