Cepal anuncia que diminuiu o ingresso de capital estrangeiro na América Latina, em 2003

20/05/2004 - 8h29

Brasília, 20/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ingresso de capital estrangeiro direto na América Latina e Caribe apresentou queda de 19%, em 2003, na comparação com o ano anterior, segundo a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). No total, foram investidos US$ 36,5 bilhões na região. Os investimentos estrangeiros diretos na região passaram de US$ 15,8 bilhões, no período de 1990 a 1994, para US$ 61 bilhões, de 1995 a 1999. A partir deste último, houve uma retração de 40% nos investimentos externos na região.

No Brasil, os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros chegaram a US$ 10,1 bilhões, em 2003, contra US$ 16,5 bilhões, no ano anterior.

Segundo o economista da Cepal, Álvaro Calderón, há registro de aumento de remessas de lucros e outras saídas de recursos derivados dos investidores estrangeiros. "Estamos observando uma redução dos ingressos e aumento das saídas. Os investimentos são principalmente em setores que não geram divisas para a região, como o de energia e telecomunicações", afirma Calderon, lembrando que os benefícios do investimento estrangeiro são transferência e assimilação de tecnologia, capacitação dos recursos humanos e desenvolvimento empresarial.

Entre as de desvantagens estão a redução dos padrões de custo de produção, como salários e benefícios sociais e a dependência de importações para montagens de produtos.

O diretor da Cepal no Brasil, Renato Baumann, por vez, acrescenta que é necessário um investimento estrangeiro de "qualidade". Para tanto, sugeriu que deveria haver geração de divisas para o país e maior integração das empresas estrangeiras com os centros de pesquisas e universidades. "São medidas que requerem uma ação mais decida do Estado, a partir de um projeto de desenvolvimento nacional", justifica.

Segundo Baumann, para o crescimento do investimento no setor em infra-estrutura o país deveria definir marcos regulatórios, a normatização e atuação das agências e realizar reformas microeconômicas. "No âmbito de serviços, uma área em que a economia brasileira tem sido fortemente pressionada nas suas negociações externas, há muito a se debater em termos de o que seria desejável em relação à participação ou não de capital estrangeiro", afirma.

Os Estados Unidos foram os principais investidores diretos no Brasil, com participação de 22%, segundo a Cepal, seguidos pela Espanha, com 17%. Na região do Cone Sul a presença do investimento estrangeiro se concentra no setor de Serviços, com 62%. No Brasil, essa participação é de 72%.