Rodovias consomem 80% do orçamento do Ministério dos Transportes

19/05/2004 - 15h33

Brasília, 19/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério dos Transportes investe 80% do seu orçamento em rodovias, 11% em portos e 6% em hidrovias. Mesmo assim, 55% das estradas brasileiras estão intrafegáveis, por falta de conservação nos últimos anos. Para começar a recuperá-las, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança nesta amanhã (20), no Palácio do Planalto, um plano que prevê a aplicação de R$ 2 bilhões em um ano, a partir de agora.

Ao dar a informação, durante audiência na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, o ministro Alfredo Nascimento explicou a importância do plano: "Temos que aproveitar bem os recursos do Orçamento, que eu já peguei pronto, para que se faça a recuperação da malha rodoviária. Antes de pensar em construir uma nova rodovia, temos que dar prioridade à malha que está aí e tem idade média de 12 anos, quando se recomenda que, a partir de 10 anos, se refaça ou restaure a estrada". De acordo com o ministro, existem no país rodovias com mais 30 ou 40 anos que nunca passaram por restauração. Isso significa dizer que mesmo esse trabalho emergencial só vai apresentar resultados após três ou quatro anos, disse ele.

Os trabalhos do plano que será anunciado por Lula começam imediatamente em todos os estados, informou o ministro dos Transportes. Para acelerar as obras, ele vai visitar, em dois meses, todas as unidades da Federação. O motivo, segundo ele, é que "se comete sempre o erro de iniciar essas obras no final do ano, quando começam as chuvas, o que também contribuiu para que a malha rodoviária chegasse à situação em que está". A idéia é recuperar sete mil quilômetros de rodovias até o fim deste ano e 11 mil quilômetros nos próximos 12 meses, o que corresponde a 20% da rede de estradas federais no país, que tem 55 mil quilômetros.

O ministro ressaltou que se trata de uma situação de emergência, com o investimento que é possível fazer "para que se dê trafegabilidade a essas rodovias, de modo que, no próximo ano, não se tenha tantos problemas como agora, no escoamento da produção".

Os problemas ainda existirão, embora em número bem menor, disse o ministro, porque, em determinadas regiões do país, como a Norte, só é possível trabalhar com movimentação de terra durante quatro meses por ano. Alfredo Nascimento ressaltou que só a médio e longo prazos serão corrigidos os erros cometidos durante muitos anos ao privilegiar as rodovias no sistema de transportes brasileiro.

O ministro Alfredo Nascimento começa sexta-feira (21), por Roraima, suas visitas aos estados. Em Roraima, ele vai ver as condições da BR-174. Depois, pretende viajar, sempre às segundas e sextas-feiras, para continuar tocando as obras e, durante as visitas, promete liberar todos os recursos pendentes no Orçamento, inclusive emendas de parlamentares.

De acordo com o ministro, para a recuperação total das rodovias brasileiras serão necessários investimentos de R$ 6,5 bilhões em quatro anos, "pois são décadas de descuido com as estradas. Construíram-se novas estradas e deixou-se para trás as que precisavam ser restauradas. Foram fazendo só operação tapa-buraco e a base e subase dessas estradas foram se estragando".

Nascimento informou também que o governo vai liberar R$ 700 milhões para o Ministério dos Transportes pagar parte de suas dívidas, estimadas em R$ 1,20 bilhões, a 300 empresas com quem tem contratos, a fim de que elas possam retomar seus trabalhos. Com isso, serão gerados 50 mil empregos diretos e 200 mil indiretos.