Pesquisa revela que orçamento das famílias ficou mais apertado desde 1975

19/05/2004 - 10h13

Brasília, 19/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A situação econômica das famílias brasileiras piorou muito desde 1975. Nessa época as famílias comprometiam em média 79,86% de seus rendimentos mensais para sua manutenção, enquanto em 2003 esse índice subiu para 93,26% (confira tabela abaixo). O resultado é que sobra muito pouco do que ganham para investir em patrimônio – aquisição da casa própria, por exemplo. A carga tributária sobre o orçamento familiar mais que dobrou, passando de 5,27% em 1975 para 10,85% em 2003.

Enquanto naquela época as famílias podiam reservar cerca de 16,5 % da renda mensal para investimentos, em 2003 esse percentual reduziu-se para apenas 4,76%, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2002-2003), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Brasília, o pecuarista Leon Santos disse acreditar que hoje existe "um empobrecimento da classe média e da classe baixa". Na opinião dele, está cada vez mais difícil e mais caro comprar os produtos necessários: "Começa-se primeiro cortando o supérfluo, mas agora já está havendo corte do necessário".

A pesquisa divulgada pelo IBGE revela que a estrutura das despesas familiares sofreu fortes alterações entre 1975 e 2003. No grupo das despesas correntes, foi verificado um aumento de 13,40 pontos percentuais em sua participação na despesa total, passando de 79,86% (1975) para 93,26% (2003). Observa-se, também, que o percentual das despesas de consumo cresceu em 2003, passando a representar 82,41% da despesa total, contra 74,59% em 1975.

Na opinião da lojista Karina Almeida, de Brasília, o aumento dos preços atrapalha o orçamento pessoal. "Luz, telefone, supermercado e outros, que são os básicos, estão aumentando de preço e o salário, de forma geral, não acompanha".

Redução

A parcela do aumento do ativo (aquisição de imóvel, reforma e outros investimentos), com participação de 4,76% em 2003, apresentou a maior diminuição na estrutura de despesas das famílias, perdendo 11,73 pontos percentuais na participação na despesa total em relação a 1975 (16,50%).

Já a parcela relativa à diminuição do passivo (pagamentos de empréstimos, carnês e prestações de imóvel) mostrou-se também menor no resultado da pesquisa feita em 2003 (1,98%) em relação àquela realizada em 1975 (3,64%), representando uma redução de cerca de 45%.

Praticamente as mesmas alterações verificadas nos tipos de despesas para o resultado nacional ocorrem nas situações urbana e rural. As despesas correntes e as despesas de consumo cresceram em 2003 em relação a 1975, tanto na área urbana como na rural (veja o gráfico das despesas).