Especial China 3 - Preocupação com meio ambiente pode fazer Brasil se tornar fornecedor de álcool

19/05/2004 - 12h52

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Pequim - O alto índice de crescimento econômico tem levado os chineses a se preocupar com o meio ambiente e buscar alternativas para conter a poluição. O crescimento da frota de automóveis jogando monóxido de carbono aos ares é estimado em 30%. Só em Pequim, já são mais de dois milhões de carros circulando.

Governo e empresários chineses querem experimentar a invenção brasileira que mistura o álcool à gasolina, o "flex fuel". O resultado pode ser um contrato de fornecimento para fornecimento de etanol (o ácool combustível) para o país. A China tem um projeto que pode se consolidar a partir da missão presidencial brasileira que desembarca em Pequim no próximo dia 23. O objetivo é importar não apenas o produto como a tecnologia necessária para produzi-lo em larga escala.

"O etanol tem várias vantagens já reconhecidas internacionalmente. É um combustível renovável, não poluente e econômico. A China tem muito interesse nessas vantagens e poderá se tornar um consumidor de etanol importando do Brasil até 400 milhões de litros por ano no curto prazo", comenta Roberto Giannetti da Fonseca, o presidente da Ethanol Trading, que também é presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Em poucos anos, segundo ele, os chineses poderiam consumir até um bilhão de litros de álcool por ano. De acordo com o emrpesário, as montadoras multinacionais instaladas na China, como Volkswagen e General Motors, já manifestaram interesse em produzir carros com motores bi- combustível.

Giannetti acredita que a cooperação com a China poderá incrementar as vendas para outros paises. Atualmente, as exportações de etanol são tímidas, de cerca de um bilhão de litros, correspondentes a US$ 200 milhões. "Estamos empenhados em organizar uma estrutura de exportação para atingirmos algo em torno de 5 ou 6 bilhões de litros", diz. Com isso, as vendas dos produtos seriam elevadas para aproximadamente US$ 1 bilhão.