Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Pequim - Somam perto de R$ 3 bilhões os investimentos estimados como resultado da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, a partir do próximo dia 23. Só a Vale do Rio Doce finalizará convenio no valor de R$ 2 bilhões com a sua correlata chinesa Baosteel para a instalação de uma usina de aço no estado do Maranhão.
A China é o maior cliente da Vale. No ano passado, a empresa exportou quase US$ 1 bilhão para o país. A performance que deve se repetir este ano. Isso representa 11% do fornecimento de minério de ferro da empresa. "A parceria com a China é estratégica para um país como o Brasil, que quer crescer. A China tem uma taxa de poupança elevada e ambições de investimentos em outros países. Este é o caso da nossa associação", diz Fábio Barbosa, diretor-executivo de finanças da Vale do Rio Doce.
Barbosa, que foi secretário do Tesouro Nacional no governo de Fernando Henrique Cardoso, lembra que o desenvolvimento da China tem feito do país um bom comprador, "extremamente aberto" e que pode ensinar os caminhos do crescimento para o Brasil. Em 2003, exportou US$ 436 bilhões e importou US$ 413 bilhões, com saldo comercial próximo a US$ 20 bilhões. "É
um saldo parecido com o do Brasil, só que o fluxo de comércio deles foi cinco vezes maior, de quase US$ 850 bilhões", ressalta, ao fazer a comparação com o fluxo comercial brasileiro, de US$ 150 bilhões. O Produto Interno Bruto chinês é de US$ 1,3 trilhão, enquanto o nosso é de US$ 500 bilhões de dólares.
Na área agrícola, os dois governos farão acordo para troca de informações sobre pesquisas sanitárias e fitossanitárias. O objetivo, segundo o encarregado de comercio da embaixada
brasileira na China, José Mário Ferreira Filho, é promover entendimentos sobre processos e métodos de pesquisa no que diz respeito a segurança alimentar, legislação e normas.
Um acordo como esse evitará, diz, constrangimentos como o que ocorreu há duas semanas, quando quatro empresas brasileiras exportadoras de soja foram punidas pela quarentena chinesa (órgão de fiscalização) por venderem de soja com níveis elevados de produtos químicos. Ferreira Filho garantiu que o incidente ocorrido a poucos dias da assinatura de acordos na área agrícola não prejudicará os entendimentos com a China.
Outro convênio que deve ser acertado durante a estada de Lula na China é na área do turismo, com a inclusão do Brasil como rota de aprovada pelo governo chinês. A partir daí, será criado o vôo direto entre Brasil e China. A estimativa é que, em 2010, cerca de 100 milhões de chineses passeiem pelo mundo. Mas, só para destinos turísticos autorizados. Para aproveitar essa oportunidade, a empresa brasileira de aviação Varig já abriu um escritório em Pequim em março.