Brasília, 19/05/2004 (Agência Brasil - ABr) - Em entrevista na manhã desta quarta-feira à TV NBR, da Radiobrás, o presidente da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel dos Santos, explicou os principais pontos da pauta de reinvidações do 10º Grito da Terra Brasil. Entre eles, a aceleração do processo de reforma agrária.
Santos defendeu a importância do movimento Grito da Terra para trabalhadores rurais com ou sem terra. "A Contag não negocia só para os nossos filiados", disse o presidente da Contag.
O 10º Grito da Terra Brasil reúne desde terça-feira cerca de cinco mil trabalhadores rurais em Brasília. "Esperamos respostas concretas do governo até quinta-feira", avisa Santos. "Mas, independente dessas respostas, continuaremos mobilizados. Não podemos admitir que a reforma agrária continua sendo feita tão lenta assim pelo Incra."
Leia abaixo a trechos da entrevista concedida pelo presidente da Contag:
NBR - O senhor acredita na boa vontade do governo para negociar com os trabalhadores rurais?
Manoel dos Santos - No ano passado nós já tivemos uma resposta do governo, que de fato aumentou o volume de recursos e na prática continua aumentando também a aplicação. Mas é preciso continuar avançando. A nossa preocupação continua, sobretudo no cumprimento das metas da reforma agrária. Pela velocidade que o Incra está trabalhando, a nossa preocupação é que essas metas não sejam atingidas. O governo prometeu alocar R$ 1,7 bilhão em recursos suplementares. Foi mandado para o Congresso pedido de liberação de R$ 430 milhões. Então ainda falta o restante. Além de ter o dinheiro, é preciso que o Incra de fato tenha agilidade nas suas ações. Outro ponto central é a liberação de R$ 13 bilhões para o Plano Safra 2004/2005. Também queremos a permanência dos trabalhadores rurais no regime geral da Previdência, que já foi assumido pelo presidente no ano passado, mas não foi resolvido durante o ano. Nós estamos aguardando resposta e não poderemos sair sem uma resposta positiva.
NBR – A Contag também tenta negociar para os trabalhadores rurais sem terra?
Santos - A Contag não negocia só para os nossos filiados. Por exemplo, do recurso que o governo negocia com a Contag é que é tirado para o MPA, MST. Nós negociamos o montante e fazemos a divisão conforme a mobilização dos movimentos. É verdade que R$ 5,4 bilhões para o Plano Safra 2003/2004 foi o maior recurso já prometido pelo governo para a agricultura familiar. Mas isso para a demanda que nós temos é muito pequeno ainda. É preciso ir cada ano avançando e o presidente nós elegemos exatamente para isso.
NBR – A expectativa do Grito da Terra é que amanhã então seja tudo definido?
Santos - Sim, nós entregamos a pauta no dia 20 de abril, a partir de 10 de maio discutimos já com cerca de 12 ministérios, 12 ministros a respeito da diversidade da pauta. A proposta é receber a resposta na quinta-feira. Se a proposta não for satisfatória, nós vamos avaliar o que vai acontecer com o movimento. Mas espero que nós tenhamos um entendimento amanhã e que o movimento possa de fato ser encerrado.