Com três mínimos, Antônia sustenta uma família de sete pessoas

19/05/2004 - 14h15

Brasília, 19/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Antônia Barros da Silva é uma dos 87 milhões de brasileiros que sobrevivem com uma renda mensal de até cinco salários mínimos. Ela trabalha como prestadora de serviços em uma empresa de limpeza. Sua família, de sete pessoas, tem que sobreviver com R$ 600,00 por mês. Aos 52 anos, ela se orgulha de ter casa própria. Moradora do bairro Sobradinho II, no Distrito Federal, ela divide o terreno com a filha e dois netos.

A família não possui grandes regalias. Gasta algo em torno de R$ 100,00 com produtos de alimentação básica como arroz, feijão e macarrão. É comum, na casa de Antônia, a carne ser substituída por verduras e legumes. O objetivo é baratear a refeição. "Eu compro os alimentos pelo preço, porque o que está mais em conta eu levo. Se dá eu levo, senão não levo. Mesmo querendo, não dá para fazer mais do que o básico", explica.

Os outros gastos da casa são água, luz e telefone. Roupas, ela compra só uma vez por ano, na época do décimo-terceiro salário, ou quando a empresa "libera um extra", geralmente na época do Natal. "A gente que ganha pouco, tá confiando que ganha pouco, então gasta na medida que ganha", explica.

O ítem extra que mais consome o dinheiro da família é o telefone, pois há meses em que a conta excede o previsto. Quando isso ocorre, a primeira opção é economizar no supermercado, comprando produtos mais baratos. Segundo Antônia, é melhor não ficar com dívidas para o mês seguinte. No quesito saúde, a família sempre recorre aos servisços do Sistema Único de Saúde (SUS). Quando é preciso comprar remédio, o dinheiro também é tirado das despesas com alimentação. No final, a comida é o que menos pesa no bolso da família de Antônia.

Um de seus filhos tem 25 anos e trabalha em uma empresa de sistemas de alarme. O rapaz não dispensa a assinatura de um jornal local nos finais de semana. "Nos dias de domingo, sempre tem uma vizinha que vem pedir a página de classificados emprestada para procurar emprego", conta.
Cearense de Ipu, interior do estado, Antônia afirma que se alimenta melhor hoje do que na época em que vivia na sua cidade natal, onde as dificuldades eram maiores.

Em Brasília desde 1975, ela diz que não consegue fazer poupança. Como opção de lazer, ela gosta de passear com os netos no Parque da Cidade. "Quando dá, de vez em quando, a gente vai a uma pizzaria. Se duvidar umas duas vezes ao ano". A última vez que reuniu a família para uma festa foi no dia das mães. E para não estourar o orçamento, a família optou pela tradicional junção de pratos - cada um dos participantes prepara um, o que reduz o custo e aumenta a fartura da mesa.