Brasília, 18/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A viúva do ex-prefeito de Campinas Antonio Costa Santos, Roseana Garcia, decidiu intensificar a luta pela reabertura do inquérito sobre a morte de seu marido, mais conhecido como Toninho do PT. Ela pediu hoje apoio à Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que as investigações sobre a morte de Toninho sejam conduzidas no âmbito federal, e acusou o poder público de "descaso".
O inquérito feito pela polícia de Campinas concluiu que Toninho do PT morreu por acidente, quando seu veículo teria cruzado o caminho de traficantes em fuga pela cidade. Roseana Garcia porém contesta a conclusão oficial da polícia, e acredita que o crime foi político, porque o ex-prefeito promovia uma cruzada contra a corrupção no município. "É uma hipótese totalmente absurda, e eu não tenho conseguido resposta do Poder Público para isso. Vivo um calvário há quase três anos", disse Roseana.
A viúva quer a participação da Polícia Federal no caso, por desconfiar do envolvimento da própria polícia de Campinas na morte do seu marido. "Eu sei que a polícia de São Paulo é muito comprometida, principalmente lá em Campinas. Eu queria uma polícia que fosse mais isenta. É um inquérito com muitas falhas e o mínimo que pode estar havendo é incompetência da polícia", desabafa Roseana.
Roseana revelou à OAB que Toninho do PT já havia sido banido da prefeitura em 1989, quando era vice-prefeito, justamente por estar investigando casos de corrupção em grandes empreiteiras nacionais que executavam obras no município. "Como ele não podia mais ser banido da prefeitura, ele foi morto", denunciou Roseana.
O ex-prefeito chegou a entregar à CPI do Narcotráfico, no Congresso Nacional, um dossiê com as principais denúncias de corrupção levantadas na prefeitura.
Roseana Garcia conseguiu reunir 53 mil assinaturas de moradores de Campinas em um abaixo-assinado para que o inquérito seja reaberto. Ela vai tentar ser recebida em audiência amanhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entregar o documento. A viúva disse que desde dezembro do ano passado está tentando ser recebida pelo presidente para pedir empenho do governo no caso.
Ela já foi recebida pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mas acusa o governo de não estar dando a atenção devida à morte de Toninho. "O ministro disse que ia chamar o Lula, mas fica na promessa. Nada de efetivo acontece. Eu não quero deixar que esse caso caia no esquecimento, porque eu pessoalmente não agüento. Meu marido foi assassinado e eu não consigo ficar quieta", afirmou Roseana.
Roseana entregou à Comissão da OAB um dossiê denunciando irregularidades na investigação da morte de Toninho. Em um mês, a entidade vai apresentar um relatório com informações sobre o caso.
O presidente da Comissão, José Edísio Souto, se comprometeu a dar todo o apoio à viúva, e também ofereceu ajuda para que ela obtenha proteção policial caso venha a sofrer ameaças por estar tornando públicas as denúncias sobre a morte do ex-prefeito.