Brasília, 18/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A greve dos servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) impede a agilização do processo de desapropriação de terras em favor de trabalhadores rurais do Acampamento das Palmeiras, no município de Jussara, em Goiás. O grupo, formado por 48 famílias, aguarda há sete anos o direito à posse da terra. Na época da invasão, os trabalhadores rurais obtiveram autorização na Justiça para ocuparem a Fazenda Palmeiras, do pecuarista Jales Borges Saraiva, que é posseiro das terras há mais de 20 anos. Como a terra pertencia ao Estado de Goiás, ela deverá ser desapropriada pelo Incra em favor dos 150 acampados de Palmeiras.
O processo de integração de posse está há quatro meses na Justiça e o cálculo da indenização pela terra pode chegar a R$ 1 milhão, segundo informou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jussara, Josué Pires Gomes. Ele estima que a área desapropriada chegue a 970 alqueires de terra. Se a Justiça autorizar o depósito da primeira parcela do TDA – Título da Dívida Agrária – "a transmissão de posse é imediata", comemora Josué.
Uma vez assentados, o primeiro passo será a criação de uma lavoura comunitária, através de convênio com a Secretaria de Agricultura do Estado de Goiás, que vai garantir o fornecimento de sementes e adubo para a primeira plantação coletiva do assentamento.
Segundo Josué Pires, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jussara – onde vivem cerca de 1100 pequenos agricultores – conta com apenas 6 mil associados. Atualmente, apenas 600 mantêm suas contribuições sindicais em dia. Ainda assim, o Sindicato conseguiu custear a viagem de 43 filiados a Brasília, para o 10º Grito da Terra Brasil, realizado pela Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Os trabalhadores rurais do Acampamento das Palmeiras sobrevivem do trabalho braçal nas fazendas vizinhas, ganhando diárias de até R$ 12,00.