Brasília, 18/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderá superar os 4% de meta de crescimento para 2005 estabelecida pelo governo. A afirmação é do ministro do Planejamento, Guido Mantega, que participou hoje de audiência
pública da Comissão Mista do Orçamento para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2005. "Nós preferimos estabelecer uma meta de 4% para 2005 embora eu acredite que seja possível um crescimento maior. Nós preferimos errar para menos e depois todo mundo ficar contente, do que não sermos modestos e colocar uma meta muito alta que não de para realizar",
afirmou o ministro.
O ministro não acredita que as turbulências do mercado internacional comprometam a trajetória de crescimento da economia brasileira. No seu entender, são questões localizadas como o aumento dos juros americanos e os reajustes nos preços do barril do petróleo, por causa do
conflito no Iraque. "Acho que é passageiro. Os juros poderão aumentar, talvez, menos do que estamos prevendo e o seu efeito já foi incorporado, não é o fim do mundo", destacou Mantega.
Ainda sobre a possibilidade de aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, Guido Mantega disse que isso só vai acontecer "se a economia americana tiver uma trajetória muito positiva. Nós seremos prejudicados, por um lado, pelo aumento dos juros, mas seremos beneficiados porque a economia americana estará importando mais produtos brasileiros e gerando um efeito
positivo na economia mundial", destacou o ministro.
Com o recorde das exportações brasileiras que, de maio de 2003 a maio de 2004, somaram US$ 80 bilhões, o ministro afirmou que a meta do governo, agora, é chegar a exportar mais de U$ 100 bilhões ao ano até o final de 2006.
Guido Mantega se posicionou contrário a proposta do economista Raul Veloso de o Brasil aumentar a meta de superávit fiscal - 4,25% do PIB - para se precaver da crise internacional. Segundo ele, o país tem demonstrado uma boa resistência frente a "turbulência internacional" o que demonstra que 4,25% é suficiente. O ministro acredito que o Brasil vive, atualmente, o
pior momento da crise internacional que acarretou em apenas um pequeno aumento no câmbio.
"Eu diria até que esse câmbio é razoável e vai nos ajudar nas exportações, não vai causar maiores inconvenientes", disse. Para Mantega, a taxa de 4,25% de superávit fiscal já é elevada para garantir a sustentabilidade da dívida e a continuação da queda da taxa de juros. "Ela
já vinha caindo e continuará numa trajetória de queda, não estou dizendo que amanhã vai haver queda", afirmou o ministro comentando a reunião do Comitê de Política Monetária que anunciará, nesta quarta-feira, a decisão sobre a taxa de juros.