Ana Paula Marra e Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "Temos que declarar guerra à exploração sexual infanto-juvenil", defendeu a jovem Inês Dias durante solenidade comemorativa do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes. "Já fomos contra, dissemos que vamos combater, enfrentar, agora é o momento de declarar guerra a essa prática", afirmou.
A senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a exploração sexual infanto-juvenil no país, disse que pela primeira vez na história o país assume o enfrentamento da responsabilidade do combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. "O governo criou uma comissão interministerial com o objetivo de criar políticas públicas para enfrentar a questão", lembrou. Mas reclamou que as políticas públicas precisam ser criativas e atrativas, "para as crianças deixarem às ruas e voltarem à sociedade".
A relatora da CPMI, deputada Maria do Rosário (PT- RS), disse que para combater o crime é preciso dar um fim à impunidade. "Nós esperamos um pacto da Nação brasileira que compreenda a verdadeita epidemia que vivemos no país quando falamos de violência contra as crianças", afirmou.
Segundo ela, a violência sexual contra crianças e adolescentes pode ser encontrada em todas as regiões brasileiras. "Encontramos meninos e meninas violados sexualmente, transformados em mercadoria, com seus corpos dilacerados e com suas almas profundamente marcadas", disse.
O envolvimento de autoridades políticas com esse crime deixa parlamentares estarrecidos. "Estas pessoas deveriam estar ajudando a acabar com este crime", disse a senadora Patrícia Saboya. A deputada Maria do Rosário disse que é chocante ver autoridades envolvidas neste crime e que as penas devem ser rigorosas para punir os responsáveis. "Nós precisamos inserir no Código Penal brasileiro um agravante para o caso de autoridades públicas envolvidas", defendeu.
No dia 15 de junho, a CPMI pretende entregar o relatório com a conclusão dos trabalhos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A comissão já visitou 14 estados e ouviu mais de 300 pessoas em 10 meses de trabalho.