Rio, 18/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Economistas que participaram do primeiro dia de debates do XVI Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae) defenderam o aumento do superávit primário (receita menos despesa, fora o pagamento de juros) como forma de diminuir a vulnerabilidade do país.
Para Raul Veloso o ideal é que o superávit primário seja capaz de reduzir sistemática e expressivamente a relação dívida pública/ Produto Interno Bruto (PIB) para 40%. Em março deste ano, essa relação era de 57,4%. Veloso disse que para enfrentar o atual momento econômico o Brasil precisaria elevar o superávit de 4,25% do PIB para 5,25%. "Seria um número para lidar com a crise do momento atual, depois poderia ser reduzido", disse o economista sem, no entanto, revelar por quanto tempo a medida seria tomada.
Embora não tenha fixado um percentual, o ex-presidente do Banco Central e professor da USP, Affonso Celso Pastore disse que a alteração do superávit é necessária, porque além de reduzir a relação dívida/PIB seria capaz de diminuir a percepção de risco, tirar a pressão sobre a taxa de câmbio e promover a redução da taxa de juros. "O Brasil é vulnerável sim porque tem uma dívida pública alta". Segundo Pastore, à medida que a taxa de juros cai, o crescimento se torna mais rápido e a relação dívida/PIB diminui mais rapidamente.
Para o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, José Tavares, o tema das reformas é um dos mais batidos no debate público nos últimos anos, mas não há outro caminho senão esse. Ele contestou a proposta do economista Raul Veloso de cortes nos gastos correntes do governo. "O que se precisa fazer é melhorar os cortes dos gastos públicos no sentido de ter uma estrutura mais condizente com o processo de crescimento", explicou o secretário.
O VI Fórum Nacional, que se realiza na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento econômico e social (BNDES), termina na quinta-feira, com a discussão sobre a modernização do Poder Judiciário.