São Paulo, 17/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ex-prefeito Paulo Maluf anunciou hoje que é novamente candidato ao cargo, afirmando que, "na eleição dos 450 anos, São Paulo vai optar pelo seu futuro". Maluf vai disputar a prefeitura pelo Partido Progressista (PP) que, em sua maioria, apóia o candidato. Dirigentes do partido admitem, entretanto, que a situação poderá mudar de acordo com o desenvolvimento de processos judiciais contra o candidato.
Em discurso, Maluf atacou a atual administração da prefeita Marta Suplicy (PT) e a candidatura do ex-senador José Serra pelo PSDB. Sobre Marta, disse que era candidato por não aceitar "a forma com que a cidade vem sendo administrada". Ele criticou, especialmente, as taxas do Lixo e da Luz, criadas na atual gestão. "Meu primeiro ato (como prefeito) vai ser enviar uma mensagem à Câmara (Municipal) revogando essas taxas", afirmou.
A respeito de Serra, Maluf disse que era candidato porque não pode concordar que a eleição para a prefeitura seja trampolim para projetos pessoais. "O povo de São Paulo não pode ser massa de manobra para compensar frustração eleitoral de um projeto derrotado em 2002", acrescentou, em referência à campanha de Serra para a Presidência da República.
Paulo Maluf lembrou suas obras e realizações em gestões anteriores à frente da Prefeitura e do Governo do Estado: "As marcas do meu trabalho estão por toda a parte. Não há nessa cidade um só bairro, não existe uma só cidade, que não tenha recebido obras, melhorias pelas minhas mãos de administrador". Entre as realizações, Maluf destacou os "piscinões" de combate às enchentes na capital; o Terminal Rodoviário do Tietê; o Aeroporto Internacional de Guarulhos; rodovias e pontes; programas como o "Leve Leite" e o "Cingapura"; construção de 998 escolas - "Um milhão e 200 mil crianças estudam nas escolas que eu construí", informou -; e 250 mil casas populares no estado - "o que corresponde a uma cidade do tamanho de Campinas ou a uma cidade como Brasília", ressaltou.
Segundo Maluf, o fato de ter feito tantas obras o torna visado politicamente. "Nenhum homem público brasileiro, nem mesmo Juscelino Kubitschek, foi tanto e tão injustamente acusado e investigado quanto eu", afirmou, que se disse orgulhoso e apaixonado por suas obras porque, além de bem feitas, revelam visão de futuro. "São como se fossem minhas filhas", afirmou.
O anúncio da candidatura de Maluf surge em meio a uma série de denúncias sobre contas em bancos de paraísos fiscais, para onde teriam sido enviados recursos de obras superfaturadas. Autoridades da Suíça enviaram ao Brasil, recentemente, documentos que apontam o envio de dólares para contas que seriam do ex-prefeito.
Vários deputados federais da bancada do PP na Câmara Federal prestigiaram o lançamento da candidatura de Maluf, como o segundo-secretário da Câmara, Severino Cavalcanti (PE), o deputado Delfim Netto (SP) e o presidente estadual do partido, deputado Vadão Gomes (SP), além de vários vereadores e deputados estaduais.
Vadão Gomes disse que a maioria do partido está apoiando a candidatura do ex-prefeito e que, até o momento, não há "nenhuma acusação formal" contra ele. "Até que se confirmem as denúncias – aliás, não existe nem denúncia ainda – não vejo nenhuma dificuldade", disse Vadão. Segundo ele, "se forem confirmadas as denúncias que aí estão, é evidente que ele vai sofrer bastante dificuldade dentro do partido".
Para o deputado, Maluf é a melhor opção do PP para a prefeitura paulistana, principalmente por ocupar o primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Ele admitiu, entretanto, que o partido tem outros nomes. "Sem dúvida nenhuma, o partido tem vários bons nomes, com potencial para vitória inclusive, e não teria também nenhum problema em escolher outro candidato", afirmou.
Paulo Maluf não falou à imprensa após o lançamento de sua candidatura. Ele convocou uma entrevista coletiva para amanhã, às 15h, em seu escritório político.