Brasília, 17/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje a aplicação de mais investimentos na área de conhecimento tecnológico e industrial, para que o Brasil deixe de ser depende das informações de outros países e passe a exportar. "O Brasil não pode, não deve e não vai ser um comprador líquido de tecnologia, expresso em produtos de alto valor agregado, em áreas-chave como fármaco e medicamentos, micro-eletrônicos, softwares e bens de capital. Esse não é um problema simplesmente de balança comercial. Temos déficit comercial importante nestas áreas, os maiores em nossa pauta de importação, mas o que mais perdemos não está no fato de importar. O que mais perdemos está na capacidade de exportar em áreas como estas. Áreas baseadas na propriedade intelectual", disse Lula, na abertura do Fórum Nacional sobre Desenvolvimento e Inclusão Social, que acontece na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
Segundo o presidente Lula, a manufatura deixou de ser o que impulsiona as economias, embora continue a ser importante. O necessário, de acordo com ele, neste momento, é a capacidade de gerar conhecimento, patente, melhorias de processo e gestão, resultando em capacidade de criar propriedade intelectual, design e marcas de alto valor agregado. "Hoje é necessário remover gargalos, sobretudo na infra-estrutura de criar capacidade produtiva. É para isso que estamos trabalhando, elegendo prioridades, motivando talentos, promovendo recursos a taxas adequadas, no sentido de dar um salto em termos de competitividade internacional", comentou.
Lula disse ainda que as empresas têm uma capacidade de pesquisa de tecnologias inovadoras, devendo o Brasil impulsionar o aumento de investimentos privados e públicos, tanto em infra-estrutura física e logística quanto em conhecimento e inovação. "Regras para investimento em energia estão definidas e, mesmo que as soluções não sejam fáceis nem imediatas neste setor, o importante é que não nos omitimos e fizemos o máximo que poderíamos fazer", declarou Lula.
Segundo o presidente, regras para a adequação de parcerias entre os setores público e privados estão no Congresso Nacional, e, caso aprovadas, permitiriam o aumento dos recursos voltados para o desenvolvimento do país. "Não tenho dúvida de que estas regras serão debatidas e aprovadas com a mesma diligência e espírito público que o parlamento tem repetidamente demostrado. Com isso, os recursos do estado brasileiro para financiar o desenvolvimento poderão ser muito potencializados em associação com o capital privado tanto nacional quanto estrangeiro", considerou.
O presidente disse ainda que o que o Brasil precisa é de confiança. "A retomada do crescimento e o desenvolvimento brasileiro passam por acreditarmos em nós mesmos, em nossa capacidade de fazer e fazer bem as coisas. Até há alguns anos, a indústria naval estava paralisada, era tida como falida, incapaz de produzir. Hoje, as plataformas estão sendo feitas aqui. É uma prova de que basta acreditarmos em nós mesmos, em nossa capacidade produtiva, que o Brasil vencerá todo e qualquer obstáculo", afirmou.
