Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No próximo domingo (23),.desembarcarão em Pequim 421 empresários brasileiros em busca dos 1,3 bilhão de potenciais consumidores que formam a população chinesa. Nas malas, projetos nos mais variados setores da economia. Estes empresários acompanharão o presidente Luiz Inácio Lula e a comitiva oficial, composta pelos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim; do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan; do Planejamento, Guido Mantega; da Agricultura, Roberto Rodrigues; da Fazenda, Antonio Palocci; da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos; e do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, além de governadores, prefeitos e parlamentares.
"Queremos mostrar para os chineses que não temos apenas minério de ferro e soja", afirma Lula, ao citar os produtos mais comprados pela China. O total exportado dos dois produtos no ano passado chegou a US$ 2 bilhões.
Distribuídos em 15 grupos econômicos diferentes – que vão da tecnologia de informação, aeroespacial e de aviação até alimentos, couro, calçados, moda e móveis – os empresários despertaram para a grande demanda de consumo em áreas em que o Brasil possui know-how. "Estamos vivendo um momento intenso de consumo dos derivados de leite e não existe o produto suficiente na China. Esta é uma área que certamente vai colher bons frutos", diz o presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), Paul Liu.
O setor de serviços, especialmente nas áreas de construção civil, arquitetura e urbanismo, também pode participar da construção das cidades para abrigar os milhares de migrantes que deixam o campo, estimulados pelo governo. A China também se prepara para sediar as Olimpíadas de 2008 e começa a tocar as obras para a construção de estádios e ginásios.
Crescimento
As notícias sobre a adoção de medidas como a elevação dos depósitos compulsórios e restrições ao crédito, para desaquecer uma economia que neste ano ameaça crescer acima dos 10%, não tiraram o ânimo dos mercadores. "Afinal não se trata propriamente de uma freada, só uma freadinha muito prudente", opina o presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Roberto Giannetti da Fonseca.
O governo chinês já estabeleceu que a meta de crescimento para os próximos 20 anos estará entre 7% e 8% ao ano. "Tratam-se de medidas muito apropriadas para impedir o descontrole da economia", complementa Pascoal Bordignon, gerente-geral de desenvolvimento da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).
Para o secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, Renato Amorim, a medida, ao contrário, vai até dar mais garantias aos empresários que estão chegando. "A economia de fato está dando vários sinais de superaquecimento. As medidas para reduzir a velocidade não podem ser confundidas com o início de uma crise econômica ou com retrocesso", pondera.
O Conselho Empresarial, que funcionará como um facilitador de negócios, incentivando as relações bilaterais e promovendo a imagem do Brasil na China, será empossado oficialmente durante a visita presidencial e será integrado por representantes de empresas de grande porte, como Vale do Rio Doce, Petrobras, Sílex Trading, Marcopolo, Banco do Brasil, Sadia e Moinho Pacífico.