Brasília, 17/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Se a gestante não souber que tem o vírus da Aids, as chances de contaminar o bebê podem subir de 2% para 50%. O diretor adjunto do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Ricardo Pio Marins, explica que apesar da cobertura do pré-natal no país alcançar 85%, os números de transmissões verticais estão acima do esperado, variando entre 8 e10%. Para tentar resolver o problema, mais de 1.500 profissionais de saúde e ativistas da luta contra a aids estão realizando um congresso em João Pessoa, Paraíba, para analisar a ampliação dos serviços de saúde com maior oferta do teste HIV para gestantes nos exames do pré-natal.
Em entrevista à NBr, canal de TV a cabo da Radiobrás, Marins explicou que o país tem condições de tornar a transmissão de HIV de mãe pra filho um fato raro. Segundo ele, a principal medida que será adotada pelo Ministério da Saúde será o aumento na oferta de testes rápidos de HIV e a "qualificação" do pré-natal. Marins explicou que as mulheres deverão fazer o teste durante o pré-natal para evitar que cheguem na maternidade sem saber que têm a doença.
O combate do problema passa pela mobilização dos profissionais de saúde. Marins assinala que é preciso informar esses profissionais sobre a oferta de testes, para que seja reduzida a possibilidade de transmissão. Ele atribui a isso o desafio do congresso. "Quanto mais cedo a pessoa souber que ela é HIV positiva, mais ela pode utilizar os recursos que a gente tem".
Dos países em desenvolvimento, o Brasil é um dos que mais se empenham no combate às DSTs e à Aids. Os resultados alcançados estão entre os melhores do mundo e o país tem merecido respeito internacional pelo programa de prevenção que desenvolveu. Mas apesar dos dados, Martins prefere não comemorar. "O sistema de saúde brasileiro tem todos os insumos necessários para erradicar a transmissão vertical, e essa é a nossa meta", justifica.
Ao final do congresso, o Programa Nacional de DST/Aids vai se reunir com coordenadores estaduais e municipais presentes ao evento, para reforçar a necessidade de se ampliar a cobertura do tratamento do HIV no pré-natal. O programa já anunciou a distribuição de testes rápidos em todo o país. A distribuição será concentrada em 569 maternidades de referência.
