Artur Cavalcante
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No Brasil, uma a cada três mulheres já foi vítima de violência física por parte de um companheiro. Uma pesquisada realizada pela organização não-governamental Instituto Promundo e pelo programa do governo norte-americano Horizons, demonstra que este e outros tipos de violência estão profundamente relacionados com o machismo. Durante um ano foram entrevistados 780 jovens entre 15 e 24 anos das comunidades de Bangu, Maré e Botafogo, no Rio de Janeiro.
No trabalho também estava inserido o programa Hora H, que busca "mudar as percepções do jovem sobre o que é ser homem". Foram realizadas entrevistas antes da implantação do programa e depois, e foi constatado que "nível de machismo" dos jovens reduziu. Antes da entrevista, por exemplo, 37,4 % dos jovens de Bangu e Maré disseram concordar total ou parcialmente que "existem momentos nos quais a mulher merece apanhar". No último pós-teste, esse número caiu para 33 % dos entrevistados. Além da violência contra a mulher, a pesquisa aponta a transmissão de doenças venéreas, acidentes de trânsito e mortes com arma de fogo como consequências diretas do machismo.
O diretor do Instituto Promunod, Gary Baker, diz que há meios de por fim a essa violência. "Nós saímos com a pesquisa otimista de que de fato é possível questionar e acabar com o machismo", afirmou. Para ele, reforçar mensagens de eqüidade entre os gêneros e dar destaque para modelos masculinos positivos são exemplos de solução para acabar com o machismo.
O rapper Rappin Hood trabalha com a conscientização de jovens da favela Jardim de Nilópolis, em São Paulo. Ele participou da entrevista coletiva de anúncio da pesquisa feita na semana passada na sede da Organização Pan-Americana da Saúde, em Brasília. Rappin Hood afirmou que o machismo está presente no cotidiano da favela, mas também no do país. "Eu fui criado numa sociedade machista. O homem brasileiro é machista. E a mulher brasileira aceita esse machismo", conta.