Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Foz do Iguaçu (PR) - Entre os principais programas em execução em Itaipu estão o estímulo à agricultura orgânica, a construção de um corredor de biodiversidade para interligar o Parque Nacional do Iguaçu ao Pantanal Matogrossense, além do incentivo ao cultivo de peixes em tanques-redes. Os projetos procuram aliar a preservação do meio ambiente com responsabilidade social. No ano passado, 50 famílias de pescadores que vivem no lago de Itaipu receberam dois tanques de 4m3 com 500 filhotes de peixes pacu, além de orientação técnica para operar e garantir a reprodução dos peixes. A idéia do projeto é garantir que, com a venda do primeiro "lote" de peixes, os pescadores possam comprar mais espécies para garantir o seu sustento.
Uma das famílias beneficiadas foi a do pescador Miro Vogel. Ele e a esposa, Dionísia Vogel, vivem com quatro filhos em uma das margens do lago de Itaipu em uma pequena casa sem energia elétrica. Quando a noite chega, um botijão de gás e uma lamparina são os únicos acessórios que garantem a iluminação da casa. A família ganhou no ano passado dois tanques-redes e, este ano, foi beneficiada com mais dois.
Depois da implantação da nova sistemática de trabalho, a vida da família tomou um rumo diferente. "Os tanques melhoraram a nossa vida. A gente ia quase desistir de viver da pesca em redes, porque um dia dava muito peixe, outro dava pouco. Tinha época que não tínhamos peixe nem para comer", garante Dionísia. Os Voegel vivem hoje da venda dos peixes produzidos no tanque. Os pacus são vendidos frescos ou defumados – e se tornaram um sucesso nas redondezas da casa da família.
Outro programa que caiu no gosto dos moradores de Foz do Iguaçu e de turistas que diariamente visitam a hidrelétrica foi o Canal da Piracema. A Itaipu Binacional construiu um rio artificial de 10 quilômetros unindo o rio Iguaçu ao lago da usina. A obra vai permitir que diversas espécies de peixes alcancem as áreas de reprodução nos rios que formam o lago de Itaipu no período de reprodução, e já é considerado o maior canal artificial do mundo.
Na opinião do diretor Nelton Friedrich, o canal é apenas um dos projetos da empresa que tem como "prioridade número um" a celebração da vida animal e vegetal. "Quem ama, cuida. Mas, para amar tem que aprender, tem que conhecer, tem que valorizar. Afinal, na natureza não existe castigo. Existe conseqüência. E nós, muitas vezes, não entendemos que somos apenas fios de uma grande teia da vida. Nós não somos nem a teia, nem a aranha. Então nós temos que cuidar do nosso fio, mas cuidar solidariamente, conviver com os outros fios, tanto do mundo animal como vegetal. É celebrar a vida", enfatizou.
(Veja também, na primeira página da agência, as demais reportagens do especial Itaipu 30 Anos)