Brasília, 15/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A advogada Rauliete Barbosa Guedes, de 55 anos, luta incansavelmente há seis anos pelos direitos das vítimas do desabamento do edifício Palace II, que eram seus vizinhos. Para ela, o leilão dos bens de Naya significa uma luz no meio da tragédia: "Felizmente não perdi pessoas, mas perdi tudo o que eu tinha, dois apartamentos, meu escritório, fotografias e bens de família. E vi meus vizinhos soterrados", relembra.
Rauliete era proprietária de dois apartamentos no Palace II, onde moravam ela e o filho. No dia em que o prédio desabou, Rauliete estava viajando, mas o filho estava no apartamento e por pouco não foi uma das oito vítimas. Ela conta o que sentiu quando viu o prédio desmoronar:
"Quando eu vi o prédio caído, eu senti que a minha vida também tinha desmoronado. No dia seguinte eu não tinha um lugar para entrar, um móvel para sentar, uma casa para entrar e nem podia trabalhar, porque eu havia transferido o meu escritório para o apartamento. Eu não tinha nada a fazer a não ser lutar pelo que era meu", afirma.
Ao fazer uma análise do que aconteceu naquela madrugada de domingo, Rauliete diz que cresceu muito como ser humano: "Acho que ganhei muito como pessoa e profissional, porque cheguei a quase desacreditar que a justiça existia, e agora eu estou começando a voltar a acreditar. Hoje sei que se você lutar, se tiver garra, honestidade, independência e coragem você consegue obter um resultado. As vidas, nós sabemos que não vamos recuperar jamais, mas espero ajudar pelo menos as pessoas que ainda estão com vida e voltar a ter uma vida normal", diz.