Brasília, 14 (Agência Brasil – ABr) - O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) elogiou hoje a proposta do governo de garantir 50% das vagas nas universidades públicas para alunos oriundos do ensino público médio. Paes de Barros revelou que um projeto de sua autoria, de 1999, já votado no Senado e em tramitação na Câmara, vai mais além, destinando metade dessas vagas aos alunos que cursarem os cursos fundamental e médio nas escolas públicas.

Na opinião do senador, a educação deve ser pública, do ensino fundamental ao superior. Ele acredita que a principal e positiva conseqüência da medida anunciada pelo ministro da Educação, Tarso Genro, será o fato de a classe média migrar de volta à escola pública,
"dando-lhe a voz que os pobres não têm". Segundo ele, é preciso que "os filhos do médico, do jornalista, do engenheiro, do parlamentar retornem à escola pública, para que ela volte a ser boa para todos, com os alunos chegando à universidade sem precisar pagar escolas privadas".

Paes de Barros contestou a interpretação de que o sistema de cotas vá criar duas categorias de alunos: os menos preparados, oriundos da escola públicas, e os mais preparados, saídos da escola privada. O senador disse que seu projeto teve por base dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 1999, segundo os quais os alunos das escolas públicas atingiram média de 4.8 e os do ensino particular, de 5.3: "Essa diferença de 0.5 ou 0.6 não chega a representar um fosso intransponível, e isso elimina, inclusive, um apartheid no ensino, porque representará automaticamente a inclusão dos negros nessas cotas, pois, no Brasil, a pobreza tem cor, e ela é negra, e se esse projeto procura beneficiar os pobres, por extensão, beneficiará os negros".