São Paulo, 13/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Estar no poder é um ponto importante para ganhar as eleições municipais desse ano e o Partido dos Trabalhadores vai usar as conquistas do governo na estratégia eleitoral. "Para o PT, é mais fácil ganhar essa eleição governando o Brasil com o presidente Lula", disse o presidente nacional do Partido, José Genoíno, na Conferência Nacional de Estratégia Eleitoral do PT, que começou hoje.
"Ser Governo Federal, para a direção do PT, é um ponto vantajoso para disputar essa eleição", afirmou.
Segundo Genoíno, o governo conseguiu muitas conquistas de destaque que deverão estar na pauta dos candidatos do partido: a economia dá sinais claros de crescimento e geração de empregos, desenvolvendo-se de forma sustentável; o país está demonstrando ao mundo que está sabendo enfrentar a crise especulativa nas bolsas; e os programas sociais de grande alcance demonstram bons resultados, como o Bolsa Família, que deverá atingir 6 milhões de famílias até o final do ano.
"Estamos preparando, com todas as informações colhidas, tudo o que o nosso governo fez que tem a marca do PT, que tem a marca do governo, e que às vezes não aparecem", disse Genoíno, que destacou uma política de alianças com outros partidos na estratégia eleitoral. "O PT chegou aonde chegou porque é aliancista", afirmou.
São Paulo
A Prefeitura da capital paulista – maior cidade do país – será muito disputada, segundo o cientista político Rubens Figueiredo, do Ibope. "A eleição de São Paulo este ano apresenta uma disputa acirrada entre José Serra (PSDB), Paulo Maluf (PP) e a atual prefeita Marta Suplicy (PT). Os dados mostram esses três candidatos empatados tecnicamente em primeiro lugar", disse.
José Genoíno afirmou que a disputa na capital paulista não fugirá à regra do resto do país e que serão destacadas todas as ações e obras da atual gestão. Segundo ele, todas as decisões sobre a campanha, inclusive as alianças, estão a cargo da prefeita Marta Suplicy. "A executiva (do PT) deu inteira autonomia e responsabilidade à companheira Marta Suplicy, até porque ela é vice-presidente do partido", revelou.
O lançamento da candidatura do ex-ministro José Serra pelo PSDB, ocorrido hoje na Câmara Municipal, segundo Genoíno não altera a estratégia do partido. "Para nós não foi surpresa (a candidatura de José Serra) nem alterou nada, porque esse cenário era uma das possibilidades da campanha eleitoral. A política de alianças aqui em São Paulo não está condicionada à entrada do candidato do PSDB", afirmou.
Já para Rubens Figueiredo, a entrada de José Serra na disputa é um fato fundamental no cenário eleitoral. "Na eleição para presidente em 2002, o candidato Lula venceu por 61% a 39% o candidato do PSDB, José Serra, no Brasil como um todo. Em São Paulo, houve quase um empate. Então, na verdade, você tem um eleitorado paulistano que não seguiu, em termos de votação, o sentimento nacional a favor do Lula. É um eleitorado que não é tão petista, ou não foi tão petista quanto o resto do Brasil foi", disse
Militância
José Genoíno aposta na força da militância do partido na capital. "Nós temos, aqui em São Paulo, condições de ganhar essa eleição em qualquer cenário, porque temos um bom governo, uma grande candidata e um partido muito forte. São Paulo é uma das regiões que o partido tem muita força organizada, filiados, militância. Nós temos base em toda a cidade. O PT é realmente um partido enraizado nas áreas populares da cidade", disse.
O presidente do PT admite que uma análise mais precisa do que será a disputa em São Paulo ainda deverá aguardar um quadro mais definido. "Não temos ainda um quadro de todas as candidaturas, porque os partidos não lançaram candidatos, não se pronunciaram. Portanto, nós só poderemos fazer essa análise quando o quadro eleitoral em São Paulo estiver definido", disse.
Para o cientista político, a eleição em São Paulo será fundamental para o governo. "Vai ser uma eleição mais política que administrativa, ao contrário das outras. Isso pode significar uma espécie de plebiscito sobre o governo Lula", disse. Ele ressalta que, enquanto Marta Suplicy e Paulo Maluf apresentam taxas de rejeição em torno de 44%, José Serra conta com uma rejeição de apenas 13%. Um dos fatores determinantes na eleição para os dois candidatos será uma reversão dessa taxa, que dependerá das alianças partidárias e do horário eleitoral gratuito.
"Basicamente vai acontecer uma série de inaugurações de obras da prefeita Marta Suplicy. É possível que, com isso, ela aumente um pouco a sua taxa de aprovação. E o que define as grandes alterações nos níveis de intenção de votos é quando se inicia o horário eleitoral gratuito, então, a composição entre os candidatos, entre os partidos, vai determinar o tempo de cada candidatura e, dependendo do tempo de cada candidato tiver, nós vamos poder dizer quem leva melhor no horário eleitoral gratuito", analisou.