Brasília, 12/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque (PSB-RS), garantiu, há pouco, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está muito tranqüilo com a decisão que tomou ao cancelar do visto do correspondente do jornal The New York Times, Larry Rohter. "O presidente disse que pensou 10 vezes antes de tomar a decisão. Recordou-se do episódio que envolveu um piloto americano que fez um gesto obsceno a um integrante da Polícia Federal e, por isso, foi deportado"
Beto Albuquerque revelou que, na conversa com os líderes da base, o presidente observou que que ele, Lula, é uma instituição que carrega consigo a Presidência da República. Segundo o deputado, o presidente pensou 10 vezes sobre a decisão e não pensou em 10 vezes para voltar atrás. "Pelo que testemunhamos, o presidente está tranqüilo e, obviamente, não voltará atrás". Na opinião do deputado, o objetivo da ação do presidente foi preservar a instituição. "O presidente não foi eleito para ser santo. Aqui não é casa da mãe Joana, para que um desaforado venha atentar como quer, a hora que quer", alertou.
O vice-líder disse que o jornalista Larry Rohter foi desaforado, desrespeitou não só a pessoa do presidente Lula, mas também a instituição da Presidência, e correu o risco de perder o visto de seu passaporte. Para Albuquerque, a matéria escrita por Rohter é mentirosa, não é jornalística e não quer denegrir o presidente, mas sim dificultar as coisas para o país, "que está pronto para vencer outras disputas econômicas com os americanos. Então não dá para deixar passar batido o comportamento do americano desaforado, pois é assim que eles agem com quem não tem compostura e não respeita as instituições".
Albuquerque discorda dos que consideram a atitude do governo censura à imprensa. "Seria censura, se o jornalista tivesse emitido uma opinião sobre, por exemplo, a política econômica do governo, sobre a capacidade, ou não, de gerência do governo, sobre os resultados econômicos, sobre os índices inflacionários, aí é opinião, ela é livre, assim como a crítica é livre". O vice-líder destacou também o fato de a matéria se dar no momento em que o Brasil venceu uma guerra histórica contra os americanos na área do algodão.
Além disso, a matéria foi publicada num momento importante que o Brasil está vivendo. "Depois de um ano e meio, o presidente Lula se torna uma referência mundial para mais de 40 nações emergentes e em desenvolvimento, e estamos às vésperas de uma missão comercial importante na China", acrescentou Beto Albuquerque.
