Itamar apóia decisão de cancelar visto de jornalista americano

12/05/2004 - 13h25

Brasília, 12/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ex-presidente Itamar Franco, atual embaixador do Brasil na Itália, apoiou a decisão do governo brasileiro de cancelar o visto do correspondente do jornal The New York Times, Larry Rohter, que escreveu matéria sobre o suposto envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com bebidas. "Eu concordei com a expulsão", disse Itamar, afirmando que ninguém pode denegrir a imagem do presidente da República, nem a imagem do país, a não ser que haja outras intenções".

Na opinião de Itamar, o governo precisava tomar uma atitude contra o correspondente: "O governo tinha necessidade de fazer isso, sob pena dele ser considerado um governo fraco, que permite que qualquer jornalista venha aqui e fale mal do presidente da República. Se alguém for lá nos Estados Unidos e falar o que pensa do governo americano, eles não vão gostar. Se for jornalista, eles põem para fora", acrescentou o embaixador.

Itamar Franco acha que, neste caso, não houve quebra da liberdade de imprensa. "Defendo o respeito à liberdade de imprensa, mas a imprensa também tem que saber respeitar a autoridade máxima do país e, sobretudo, o país. Ela tem que ter limites", afirmou o embaixador, que considerou grave para o país a repercussão da matéria.

Na opinião de Itamar, a posição do jornal, que praticamente endossou as palavras do seu correspondente, deve ter sido um fator que pesou na decisão do governo. Na conversa que teve ontem com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o embaixador disse que falou sobre a dificuldade de processar um jornalista. "A gente nunca consegue, nem lá, nem aqui. Lá, o governo brasileiro ia gastar dinheiro e aqui processar jornalista é um tiro na água, porque não se consegue", afirmou.

Já o líder do PFL na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (BA), criticou a decisão do governo brasileiro, dizendo que "é uma vergonha que se queira estabelecer uma censura internacional da imprensa. É uma tristeza que isso tenha acontecido. Foi um equívoco, que denigre a imagem do país mais do que a própria matéria escrita pelo corressondente", observou Aleluia.

Também o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES), considerou inadequada a punição jornalista Larry Rother. "Chegar ao ponto de cancelar o visto não foi a melhor alternativa", disse Casagrande, ressaltando que não está convicto de que a medida ajudará o governo. "A princípio irá atrapalhar", afirmou.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), por sua vez, disse que não achava nada de errado na decisão do governo, mas destacou que a atitude não deve ser confundida com as relações do Brasil com os Estados Unidos. Segundo ele, a matéria foi "descuidada" e ruim para o país. Arhur Virgílio lembrou que os partidos da base e da oposição se uniram em defesa do presidente Lula contra a matéria, que ofende o presidente. Entretanto, observou o senador, o lado ofendido não pode se manifestar.