Consumidor vê com descrença economia do país, revela FGV

12/05/2004 - 18h30

Rio, 12/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O pessimismo do consumidor com a economia do país é o maior desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A constatação é da Sondagem da Expectativa do Consumidor, realizada de 1º a 25 de abril,divulgada hoje pela Fundação Getúlio Vargas. Para 40,91% dos entrevistados, a situação do país piorou.

Na comparação com a última pesquisa, realizada em janeiro, houve "uma sensível deterioração" no sentimento do consumidor quanto à evolução da economia. Os resultados também foram piores do que os apurados em abril de 2003, quando a economia caminhava para o aprofundamento de um quadro recessivo, informa a Fundação.

Para 59,1% dos chefes de família consultados, a situação econômica do país, no momento, é melhor ou igual à de seis meses atrás. Este indicador vinha apresentando evolução favorável desde a primeira pesquisa, realizada em outubro de 2002 e, em janeiro deste ano, teve registro positivo recorde, quando 79,3% dos entrevistados optaram por uma destas duas opções de resposta. Entre os consumidores insatisfeitos, praticamente dobrou a parcela dos que acham a situação atual pior do que há seis meses: de 20,7%, em janeiro, para 40,9%, em abril.

O coordenador de Análises Econômica da Fundação Getulio Vargas, Salomão Quadros, destacou que a pesquisa mostra "desencantamento generalizado" em todas as faixas de renda pesquisadas. "Este percentual de 40,91% dos entrevistados que consideram a situação pior só foi superado em outubro de 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso, quando 48,15% dos entrevistados consideravam a situação pior", revelou.

Para Quadros, a interpretação destes resultados demanda cautela. Deve ser levado em consideração o ambiente em que os dados foram coletados, pois em abril houve um acúmulo de notícias desfavoráveis ao país no âmbito econômico e político.

O resultado da pesquisa e a indicação de que "diminui a boa vontade da população para com o governo", de certa forma surpreendeu os economistas da Fundação Getulio Vargas. Para Quadros, o pessimismo pode ser passageiro e contrasta com o excesso de otimismo inicial gerado pelo novo governo. Ele considerou o resultado da pesquisa surpreendente, porque nesse momento a economia começa a dar sinais de melhora.

"É surpreendente porque vem em uma hora em que a economia começa a dar sinais de melhora. Então há um descolamento entre a pesquisa e os fatos macro-econômicos. Há progressiva melhora da economia, a recessão ficou para traz, o Produto Interno Bruto, que caiu no meio do ano já começa a dar sinais de recuperação. E é exatamente nesta hora em que os sinais objetivos da economia são melhores que o consumidor reage de uma forma mais intensa".

Quadros acredita, no entanto, que esse pessimismo pode mudar a qualquer momento, à medida que se tornem mais visíveis os sinais de recuperação da economia brasileira.