Bastos diz que não participou da decisão de cancelar visto de jornalista

12/05/2004 - 11h29

Brasília - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse hoje em Berna, na Suíça, que não participou pessoalmente da decisão de cancelar o visto temporário do jornalista americano William Larry Rohter Jr., do New York Times. Reportagem publicada no final de semana, de autoria do jornalista, diz que um suposto envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com bebidas alcoólicas estaria afetando o desempenho do governo. Thomaz Bastos destacou, no entanto, que a medida foi uma decisão de governo e que é amparada legalmente.

"Não participei, estava aqui na Suíça, soube fragmentariamente do que tinha acontecido e me reservo para falar sobre isso depois que eu voltar ao Brasil. Aí eu pretendo saber todas as circunstâncias em que essa decisão foi tomada e me pronunciarei a respeito como ministro da Justiça". Segundo Bastos, a decisão está amparada no artigo 26 do Estatuto dos Estrangeiros e lembrou que a medida é passível de contestação na Justiça.

Bastos considerou a reportagem preconceituosa e disse que a repercussão foi negativa para o próprio repórter. "Chamar de reportagem é um elogio, porque aquilo foi na verdade uma mistura de má-fé, de desinformação, de tentativa de mobilização de preconceitos contra o presidente e contra a classe, a categoria de que ele provém. Basta dizer que o repórter dá uma ênfase especial ao fato de que, segundo ele, o alcoolismo grassa nos meios sindicais, numa demonstração grosseira de preconceito de classe", condenou.

O ministro está na Suíça, onde assinou um acordo de cooperação internacional com aquele país, que visa combater a lavagem de dinheiro, entre outros crimes.