Brasília, 11/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - A hanseníase, uma das doenças mais rejeitadas pela sociedade e associada às condições precárias de vida que atingem milhares de brasileiros, será pela primeira vez assunto de uma campanha publicitária nacional, que o Ministério da Saúde lançou hoje, em Brasília. A meta do governo é eliminar a doença até o final próximo ano.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país endêmico em hanseníase do mundo. Em 2002, mais de 60% (3.521) dos municípios do país tinham pelo menos um caso da doença.
Para a OMS, eliminar a hanseníase significa ter menos de um caso para cada grupo de 10 mil habitantes. Hoje, a taxa média nacional é de 3,88. Somente no ano passado, foram registrados 42 mil novos casos, a maioria nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O foco da campanha será o estímulo ao diagnóstico precoce e o combate ao preconceito contra o portador da doença. "É uma doença de pobres e por isso é negligenciada. A partir de agora, como compromisso com as populações mais pobres do país, vamos enfrentar esse problema da hanseníase", afirmou o ministro da Saúde Humberto Costa, no lançamento da campanha.
Para o diretor da organização não-governamental MORHAN (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase), Arthur Custódio, a campanha do governo poderá ajudar a desmistificar a doença e avançar no tratamento: "A última campanha de governo a nível nacional foi em 1988, durou 20 dias e aumentou em 35% a descoberta de casos. Isso mostra o quanto é importante a questão da informação para a população", afirmou.
A hanseníase é uma doença de transmissão respiratória, caracteriza-se por manchas dormente brancas ou avermelhadas na pele e é totalmente curável. Os comprimidos para curar a doença são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o tratamento dura de seis a 12 meses.
Histórico
No início de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Humberto Costa anunciaram oficialmente um conjunto de ações e medidas para eliminar a doença, o chamado Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase. As metas são identificar os novos casos e facilitar o acesso ao tratamento para todos os pacientes.
Na prática, o governo pretende vincular as ações de diagnóstico e tratamento às atividades do Programa Saúde da Família (PSF), cuja maior vantagem é a sua descentralização. A reabilitação dos fisicamente incapacitados pela doença também poderá ser feita por meio de cirurgias plásticas, totalmente financiadas pelo SUS.
A campanha publicitária também faz parte do plano. As peças para TV e rádio serão veiculadas em todo o Brasil de hoje até o dia 25 de maio. O custo total da campanha é de R$ 3,9 milhões.
