Brasília, 11/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Na tarde desta terça-feira, durante o seminário "Ética e desenvolvimento", na Câmara, pesquisadores e parlamentares tentaram definir condições para um crescimento brasileiro socialmente sustentável. O cientista político José Artur Gianotti defendeu como primeiro passo a ação institucional da sociedade no combate à corrupção.
"O financiamento público das campanhas, por exemplo, por si só, não resolve o problema", acredita o professor da Universidade de São Paulo (USP). "A imprensa, o eleitor e a comunidade em geral precisam atuar como instituições reguladoras, verificando se a norma está sendo efetivamente aplicada."
Ao governo federal, Gianotti sugeriu mais esforço na criação de empregos. Para ele, quando o desenvolvimento e o avanço tecnológico implicam em aumento do desemprego, o Estado deve intervir com políticas compensatórias. É o que também pensa o senador Pedro Simon (PMB-RS).
No seminário promovido pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara, Simon criticou o governo e pediu mais ações de resgate social. "O crescimento econômico não é o único fator de desenvolvimento nacional", afirma o senador. "Temos outras prioridades, como a erradicação da fome e a proteção da Amazônia."
Ética na comunicação
Outro tema debatido no seminário foi a necessidade de criar mecanismos para punir eventuais excessos ou abusos cometidos pelas empresas de comunicação (imprensa, rádio, TV e internet). A reportagem publicada no jornal New York Times sobre o suposto envolvimento do presidente Lula com bebida foi criticada pelo jornalista Carlos Chagas, conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). "Trata-se de uma invasão injustificada, baseada em boatos e rumores", afirmou Chagas, que também é professor de Ética da Universidade de Brasília (UnB).
O cientista político José Artur Gianotti e o deputado federal Luiz de Gonzaga Mota (PSDB-CE), no entanto, defenderam a necessidade dos políticos terem cautela quanto à vida privada. "A esfera privada de um homem público é bem reduzida", alertou Gianotti. Para Mota, "o comportamento do político precisa ser mais rigoroso que o do cidadão comum".