São Paulo, 4/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 16 mil trabalhadores participaram do protesto contra o congelamento da tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) realizado na manhã de hoje, na rodovia Anchieta, que liga a capital ao litoral. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que aproximadamente nove mil metalúrgicos da Ford e da Mercedes-Benz, químicos do ABC e professores de São Paulo reuniram-se na altura do Km 15 da rodovia - perto da fábrica da Ford - enquanto sete mil metalúrgicos da Volkswagen e da Scania, além de bancários de São Paulo, Osasco e Região, protestavam na altura do Km 23 - próximo à Volks.
Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), organizadora do ato, a tabela do IRRF está congelada desde o governo passado e foi corrigida uma única vez durante esse período. A correção foi de 17,5% contra o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado na época, de 45,8%. Desde então, a defasagem da tabela é de 55,3% . Deste valor, 39,5% correspondem à gestão de FHC e 11,32% do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, ressaltou que não aceitará uma resposta negativa do ministro da Fazenda, Antônio Palloci, com quem os sindicalistas se reúnem no próximo dia 11 para tratar da questão. "Não aceitamos 'não' como resposta, nem o argumento do orçamento e da responsabilidade fiscal. Estamos agindo dentro da responsabilidade fiscal, pois estamos querendo provocar o aquecimento da economia. E corrigir a tabela do Imposto de Renda significa injetar dinheiro na economia ao longo do ano", disse ele, enfatizando que, se o governo corrigir a tabela do IRRF em 55,32%, injetará R$ 6 bilhões na economia até o fim do ano. Se corrigir em 11,3%, o valor chegará a R$ 1,7 bilhão.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, elogiou o governo Lula, lembrando que, mesmo com a injustiça social herdada pelo Brasil ao longo dos anos, durante os 15 meses do governo atual, muito tem sido feito para colocar o país no rumo do desenvolvimento, mas ressaltou que ainda há muito o que fazer. "Uma melhor distribuição de renda, a recuperação gradual do salário mínimo, um plano concreto de recuperação do salário mínimo, a criação de medidas de emergência para gerar emprego. Essas são medidas que precisam ser tomadas".
O sindicalista enfatizou a questão do IRRF e disse esperar que a medida seja tomada o mais rápido possível. "Mais de 8 milhões de brasileiros têm o imposto retido na fonte e a tabela está defasada em 55,3%. Por isso, todo ano mais de R$ 6 bilhões são transferidos adicionalmente do bolso do trabalhador para os cofres da receita federal. Imaginem quanto emprego, quanta produção isso geraria se o dinheiro estivesse indo para o consumo", analisou Feijóo, concluindo que a correção da tabela é obrigação do governo Lula.