Polícia Federal desmente acusações de motorista que tentou atear fogo ao corpo

04/05/2004 - 17h54

Brasília, 04/05/2004 (Agência Brasil - ABr) - As acusações contra o Serviço de Proteção Especial ao Depoente da Polícia Federal, feitas hoje pelo motorista Reginaldo Oliveira do Nascimento, que tentou atear fogo ao próprio corpo em frente ao Palácio do Planalto, foram desmentidas duramente pelo chefe da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal, Ney Ferreira de Souza.

O motorista acusou a Polícia Federal de maus tratos no programa e, por esse motivo, decidiu chamar a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva incendiando o corpo no início da tarde de hoje em frente à sede do Executivo.

Entre as acusações de Reginaldo, reveladas pelo filho do motorista, Kleber Pereira do Nascimento, estão a falta de comida e de medicamentos para os atendidos pelo programa. Kleber também disse que foi agredido junto com o pai por policiais federais no mês passado - tudo na frente da neta de Reginaldo, de quatro anos.

"Ele nunca foi agredido. Isso não é verdade. Ele estava muito nervoso, tentou agredir as pessoas e os policiais apenas o contiveram. Ele cria as coisas", disse Ney Souza.

O delegado garantiu que os motivos para a exclusão de Reginaldo do serviço estão vinculados diretamente ao mau comportamento do depoente. "Ele queria que o programa se adequasse a ele, e não ele ao programa. Ele pulou o muro da casa, fugiu sem estar acompanhado de seguranças e saía escondido. Era uma conduta totalmente inadequada", disse.

Reginaldo está em Brasília acompanhado da esposa, filho, nora e da neta desde o início de fevereiro sob a proteção da Polícia Federal. Ele vivia em uma das casas mantidas para depoentes de crimes federais que supostamente correm risco de vida. No caso de Reginaldo, ele prestou depoimento contra juízes e policiais envolvidos no tráfico de drogas e armas na Paraíba, e foi incluído no serviço da Polícia Federal para garantir a segurança de sua família.

O delegado afirmou que toda a assistência foi prestada a Reginaldo e aos seus familiares no período em que viveram na casa de assistência. "Temos várias unidades de proteção no Distrito Federal. São casas confortáveis, não falta proteção, telefone, veículo, muito menos comida", garantiu Ney Sousa.

O delegado também revelou que Reginaldo tinha acesso a médicos e dentistas, assim como toda a sua família. "As testemunhas não são presas. Têm o direito de ir e vir. Mas elas devem seguir as regras. Toda a necessidade é garantida a elas", disse o delegado.

Reginaldo também não foi incluído no Programa de Proteção a Testemunhas, do Ministério da Justiça, porque segundo avaliação do órgão, ele não corre risco de vida. Além disso, segundo o Ministério, ele não se enquadra na categoria de "testemunha", apenas de depoente.
O motorista paraibano permaneceu cerca de duas horas no Palácio do Planalto depois do incidente. Ele foi atendido pelo Serviço Médico da Presidência da República, recebeu uma roupa nova - porque a que vestia molhou ao ser contido por um bombeiro - e seguiu para a 2ª DP de Brasília para registrar ocorrência do incidente.