Exposição alerta a sociedade sobre uso de trabalho escravo na produção de itens de consumo diário

03/05/2004 - 13h04

Brasília, 3/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Começou hoje, no Espaço Mário Covas, da Câmara dos Deputados, a exposição "O Entorno Invisível", do grupo Projeto Arte Entorno. Na mostra, o grupo utiliza a linguagem publicitária e outdoors para chamar a atenção da sociedade sobre o uso de trabalho escravo em etapas da produção de itens de consumo diário dos brasileiros. A mostra tem parceria da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e pode ser conferida até o próximo dia 14, das 9 às 18 horas.

Sensibilizado pelo tema do trabalho escravo, o grupo iniciou, há dois anos, pesquisas junto a diversos órgãos de governo e organizações não governamentais (ongs) para definir as características dessa forma de exploração. Uma das idéias da exposição é conscientizar a sociedade e os políticos que transitam pela Câmara dos Deputados para o consumo consciente. Biancho, um dos idealizadores do evento, afirma que uma das idéias proposta pelo grupo é a criação de um selo para garantir que os produtos consumidos pelos brasileiros não tenham trabalho escravo, em nenhuma das etapas de suas cadeias produtivas. "A arte provoca, sugere, mas o poder de transformação está na mão da sociedade", diz.

Entre os principais produtos que utilizam trabalho escravo, em algum momento de sua cadeia produtiva, estão carne, carvão, café, móveis e jeans. Os artistas do Projeto de Arte Entorno sabem que nem todos os produtos do gênero utilizam mão-de-obra escrava, mas acreditam que a sociedade deve ficar alerta e consciente. Segundo Valéria Pena-Costa, uma das coordenadoras do grupo, a próxima etapa da exposição será fazer com que a sociedade dê sugestões para acabar com a exploração do trabalho humano e de como é possível traduzir essas sugestões em obras de arte.

O grupo, que nasceu em 2001, é formado por artistas de Brasília que trabalham com intervenções em espaços urbanos que não sejam de uso artístico, tais como: paradas de ônibus, praças e centros comerciais. A artista plástica Sofia Fernandes acredita que o trabalho do grupo vem incorporando, cada vez mais, elementos críticos sociais e políticos devido às características da própria cidade. "Ano passado, nós fizemos a lavagem da Praça dos Três Poderes, como forma simbólica de lavar toda a sujeira que possa existir no exercício dos poderes", explica.

Todos que visitarem a mostra ganharão cartilhas com características e dados sobre o trabalho escravo no Brasil. No próximo dia 10, será feita uma visita agendada para grupos escolares com a presença dos artistas que irão fazer palestras sobre o tema da exposição.