Brasília, 01/05/2004 (Agência Brasil - ABr) - O desemprego e a recuperação da renda do trabalhador são as principais preocupações da CUT neste 1º de maio, quando se comemora o Dia do Trabalho. A declaração, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional de Brasília, é do presidente da CUT, Luiz Marinho, para quem o reajuste do salário mínimo "pelo mínimo" ajuda a complicar ainda mais situação. Por isso, segundo ele, nas manifestações de hoje por todo o país a CUT exigirá medidas para a retomada do crescimento da economia e, conseqüentemente, a geração de empregos.
Para Luiz Marinho, porém o simples crescimento da economia não é suficiente para resolver, em curto prazo, o problema do desemprego, pois há necessidade de que os governos federal e estaduais lancem mão de políticas ativas de contratações emergenciais para amenizar o desespero das famílias, em particular nos grandes centros, onde se concentra a grande massa de desempregados.
Na opinião do presidente da CUT, o processo de abertura da economia brasileira aumentou drasticamente o investimento em tecnologia, uma necessidade das empresas brasileiras. "O problema é que não foi acompanhado de um crescimento do tamanho do mercado de consumo. O que precisa ser feito é distribuir renda, incluir outras pessoas que estão fora da condição de cidadania e de consumidores para que se possam gerar oportunidades para essas pessoas".
Luiz Marinho considera que o grande presente que o trabalhador poderia receber hoje é um anúncio do salário mínimo maior do que o anunciado pelo governo, além de medidas geradoras de emprego. "Aliás, o presidente Lula vem pré-anunciando que vai fazer investimentos nas áreas de saneamento básico e recuperação das estradas, o que ajudaria a gerar bastante empregos. Mas, por enquanto, isso não veio. Nós esperamos que cheguem esses anúncios de investimentos para que, de fato, possa seguir a geração de empregos no Brasil, porque a situação é muito complicada, particularmente nos grandes centros urbanos".
Sobre a recuperação do valor do salário mínimo, Luiz Marinho afirma que "ou nós discutimos de forma planejada, em longo prazo, ou então o salário mínimo não se recupera. Porque se formos discutir salário mínimo ano a ano, todo mês de abril, depois do Orçamento elaborado, inclusive com as emendas parlamentares, a recuperação dele acaba não acontecendo. Tanto que, no ano passado, houve 1,35% de aumento real e este ano 1,2%, e se formos no mesmo método vamos repetir isso no ano que vem".
Por tudo isso, diz Marinho, a CUT está pressionando fortemente o Governo Lula para que crie um grupo de estudos encarregado de, já em outubro deste ano, ter um estudo pronto para iniciar o processo de recuperação gradativa do valor real do mínimo.
"Ou fazemos isso para que no final do ano o Congresso já tenha incluído o aumento real do salário mínimo no Orçamento do ano que vem, ou, sinceramente, nós não vamos alcançar a recuperação do valor do mínimo".