Governador de RO critica Funai e PF e diz que estado vive''abril vermelho''

28/04/2004 - 16h43

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília-O governador de Rondônia, Ivo Cassol, voltou a criticar a ação da Funai e da Polícia Federal na reserva indígena Roosevelt. "Foi necessário recorrer ao Ministério da Justiça para que as buscas aos corpos dos garimpeiros fossem intesificadas", acusou Cassol, em depoimento, na manhã de hoje, aos deputados das comissões da Amazônia e de Minas e Energia.

Na audiência, o governador disse estar preocupado com os rumos das investigações na reserva indígena Roosevelt. "Até agora, a Polícia Federal só investigou lambaris. Precisamos pegar o peixe grande", sugeriu Cassol. "Também vivemos o abril vermelho em Rondônia. O crime organizado controla tanto o contrabando de diamante quanto o narcotráfico."

Após o depoimento, o governador entregou ao presidente da Comissão da Amazônia, Júnior Bretão (PPS), fitas e cartas com depoimentos de familiares de garimpeiros mortos na reserva habitada por índios da etnia Cinta-Larga. Eles pedem que a PF faça novas buscas na região. Até a semana passada, foram encontrados 29 corpos de prováveis vítimas de um confronto com índios durante a semana santa.

"Reconheço que a maioria dos índios vive em situação precária. Mas eles não mataram defendendo suas terras. Mataram por dinheiro, mordomia", disse Cassol, que teme um novo confronto entre garimpeiros e índios. "A única forma de resolver essa questão é prendendo os os responsáveis pelo massacre e regularizando a exploração mineral em área indígena. O governo federal deve ter uma participação direta, criando oportunidade para todos e repassando os royalties da extração para os índios, que não tem experiência para trabalhar com o garimpo".